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CHAPADA DOS VEADEIROS: o que fazer, as cachoeiras mais bonitas

Cachoeiras, natureza, boas energias e esoterismo em Alto Paraíso e região
Publicado em:

Quando fui: à Chapada dos Veadeiros quatro vezes entre 2012 e 2017

Quanto tempo: entre 2 e 5 dias em cada vez

As inúmeras e belas cachoeiras são capazes de atrair o viajante para um roteiro de vários dias pela região, são o principal atrativo, mas a Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás, proporciona ainda mais ao viajante. O esoterismo, a paz e as boas energias do local e das pessoas que vivem por lá marcam a viagem tanto quanto a deslumbrante natureza do Cerrado brasileiro.

Alto Paraíso é a porta de entrada e serve como base para explorar as belezas naturais, cidade de cerca de 8 mil habitantes, localizada a 230km de Brasília. Cavalcante e a vila de São Jorge são outros municípios bem procurados ali no planalto central. Nos arredores, as cachoeiras dos mais variados tamanhos e as trilhas de diversos níveis de dificuldade oferecem momentos de diversão e de tranquilidade que agradam desde crianças até os mais aventureiros.

Estive na Chapada por quatro vezes entre os anos de 2012 e 2017, ficando entre dois e cinco dias em cada uma dessas visitas, já que minha irmã mora lá. Neste tempo, além de muita caminhada na mata e banhos em águas cristalinas, deu também para entender um pouco mais da mística que cerca a região. Cortado pelo paralelo 14, a mesma linha imaginária que atravessa Machu Picchu, no Peru, Alto Paraíso de Goiás fica sobre enormes veios de quartzo, o que gera a crença esotérica de ser uma cidade protegida e até visitada por extraterrestres.

Para confirmar a fama, o pórtico de entrada da cidade é em formato de disco voador e algumas estátuas de ETs estão espalhadas pelas ruas. Crenças à parte, fato é que a Chapada dos Veadeiros oferece boas vibrações, cativa pessoas de todas as partes do mundo e de vários segmentos religiosos, características que começaram desde que os hippies constituíram uma comunidade alternativa por lá no final dos anos 70.

Apesar de ser um destino que poder ser considerado muito “roots” por alguns, existe boa estrutura de hospedagem e comércio em geral. Esta região que fica no norte de Goiás recebe turistas praticamente o ano todo. A época mais movimentada por lá é em julho, quando acontece o Festival de Culturas e o clima é seco, com mais chances de dias de sol, mas queda de temperatura à noite. De dezembro a março, chove mais, e as cachoeiras ficam com um volume maior. Seja quando for, a garantia é de dias bastante agradáveis, cercado de muita natureza, água gelada e boas energias, aproveite sem pressa e sem estresse.

TRANSPORTE:

O aeroporto de Brasília é o mais próximo da Chapada dos Veadeiros. Da capital do país, são 230km ou 3 horas de estrada até Alto Paraíso, praticamente uma reta só no asfalto pela rodovia GO-108. De Alto, são 36km até São Jorge e 82km até Cavalcante, É altamente recomendável alugar um carro para ir à região, já que não existe transporte público para circular por lá. Muita gente prefere pegar um veículo melhor para percorrer os trechos de terra que levam a algumas cachoeiras, é mais confortável, mas para quem quiser economizar, eu já fui com carro 1.0 e é perfeitamente possível.

Se por algum motivo a escolha for de ir sem carro, os guias da região e algumas agências de turismo podem arrumar transporte, mas você não terá tanta liberdade de horários e deslocamentos. Para ir de Brasília até Alto Paraíso de ônibus, o trajeto é feito pela empresa Real Expresso. Uma forma bastante comum de fazer esta viagem é pedir uma carona pelo Conexão Chapada, um grupo solidário com página no Facebook, com preço médio de R$ 35 por pessoa por trecho, se der sorte de arrumar alguém com lugar no carro indo no mesmo dia e horário.

HOSPEDAGEM:

Como minha irmã mora em Alto Paraíso, sempre fiquei na casa dela quando fui para lá, mas tive algumas boas indicações de amigos e familiares de lugares para se hospedar. Para uma opção mais econômica, o Hostel Catavento é um ótima recomendação, com quartos compartilhados ou privativos. Para quem estiver disposto a gastar um pouco mais, mas ainda quer um bom preço, a Pousada Alfa e Ômega é uma boa sugestão. E, claro, ainda existem outras alternativas mais caras.

Se for ficar em Cavalcante, a Pousada Aruanã  é uma boa ideia. Na vila de São Jorge, as opções de destaque em faixas de preço distintas são o Hostel Backpackers, o camping Taiuá, a Casa das Flores e a Pousada Baguá.

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CACHOEIRAS:

Seja lá quantos dias você ficar na Chapada dos Veadeiros, a programação será dominada por cachoeiras, trilhas e muito contato com a natureza. Mesmo para quem não é muito atleta e não está acostumado a longas caminhadas com subidas e descida, existem roteiros mais tranquilos e nem por isso menos belos. Mas, claro, as maiores cachoeiras exigem um certo esforço, nada muito absurdo, algo entre 30 minutos e uma hora a pé (veja mais detalhes abaixo). Para ir a alguns lugares, como a cachoeira Santa Bárbara e as Cataratas dos Couros, por exemplo, é obrigatório a contratação de um guia credenciado, o que pode ser feito indo ao CAT (Centro de Apoio ao Turista), na avenida principal de Alto Paraíso. Em outros, mesmo não sendo uma obrigação, é recomendado, principalmente nas trilhas maiores.

Mas aqui segue uma dica que é tiro certo para quem quiser marcar o passeio com antecedência e ter um excelente guia. O Victor, do Rotas da Chapada, tem um conhecimento excepcional da flora, fauna e de todas as atrações da região, fazendo o passeio sempre no ritmo que cada viajante prefere e de acordo com os interesses de cada um. Posso indicar sem qualquer dúvida. Além disso, ele manda muito bem com a câmera nas mãos, e a garantia é de boa fotos para guardar de lembrança. Ele cobra em média R$ 200 para um grupo de até quatro pessoas (sem transporte incluso, é preciso estar de carro, mas caso não esteja ele pode ajudar a providenciar), valor que pode variar conforme o atrativo e a temporada.

Cataratas dos Couros: O grandioso complexo conta com cinco cachoeiras, sendo as principais a da Muralha e a Almécegas Mil, de 65 metros de altura, uma trilha de nível médio que vale bem a pena, total de 3km somando ida e volta, com belo visual no Rio dos Couros. É um dos lugares mais conhecidos e mais visitados da Chapada, tem entrada gratuita, paga-se apenas R$ 10 por carro no estacionamento, e fica a 50km de Alto Paraíso, sendo 17km no asfalto e 33km em estrada de terra. No final, uma boa ideia é o almoço no restaurante da simpática Dona Eleusa, por R$ 30 o self-service à vontade de uma saborosa comida caseira. Lugar simples e bastante agradável.

Santa Bárbara: A cachoeira que acaba em um bonito poço azul chama atenção pela coloração da água, atração que ganhou fama nos últimos anos e é cenário de muitas fotos postadas nas redes sociais. Por causa isso e como o espaço dela não é grande, costuma ficar cheia de turistas, principalmente na alta temporada, o que pode fazer a visita não ser tão relaxante. Mesmo assim, a beleza da queda de 25 metros da Santa Bárbara segue intacta, ainda mais entre 11h e 13h30, melhor horário por causa do sol mais forte. Para chegar até ela, que fica perto da cidade de Cavalcante, anda-se 1,2km para ir e o mesmo para voltar, parte em mata fechada, isso depois de 125km de estrada (90km de asfalto e 35km de terra) desde Alto Paraíso. Paga-se R$ 20 para a entrada.

No mesmo passeio e incluso no valor do ingresso, vale conhecer também a cachoeira da Capivara, mesma distância de caminhada, mas uma trilha um pouco mais íngreme, uma queda d’água de 55 metros com ótimo poço para banho. Depois de tudo, para recuperar as energias, a sugestão é o almoço da Dona Mineucy, por R$ 30 à vontade, também uma ótima comida caseira e interessante experiência à beira do fogão à lenha.

Vale destacar que as duas cachoeiras ficam dentro do Engenho Kalunga II, um quilombo que é patrimônio natural e histórico-cultural. Os kalungas são negros que vieram refugiados da escravidão, escaparam do garimpo de ouro, se esconderam nas montanhas da região e ficaram lá atá 1970. Depois disso, só foram ter contato com o mundo no ano 2000, quando chegou o posto de saúde e a energia elétrica à região onde eles vivem, e o turismo começou a trazer renda para a comunidade. Atualmente, são 32 comunidades kalungas em 123 mil hectares.

Vale da Lua: Uma das paisagens mais famosas da região, ganhou o nome porque a formação rochosa naquela parte do Rio São Miguel parece o solo lunar. O passeio que contempla visual e banho é bem tranquilo, uma caminhada de 1,2km no total de ida e volta, local que fica a 30km de Alto Paraíso (25km de asfalto e 5km de terra) e a 10km de São Jorge. Como muitas cachoeiras da Chapada, o Vale da Lua também fica em uma propriedade particular e é preciso para R$ 20 para entrar.

Almécegas: São três cachoeiras que ficam dentro da fazenda São Bento, uma das mais antigas da região, entrada a R$ 30, passeio que pode ser facilmente feito até em metade do dia. Geralmente, é realizado em um combo no mesmo dia do Vale da Lua, já que ambos são próximos. A maior queda d’água é na Almécegas I, de 45 metros, e também a maior trilha, de cerca de 1km no total. A Almécegas II e a São Bento são menores, caminha-se apenas 350 metros para cada um delas, mas são boas para banho e rendem fotos legais. Na área da fazenda, é possível fazer rapel e também a tirolesa Voo do Gavião.

Macaquinhos: Lugar menos visitado do que os anteriores, até por contar com um trilha de 5km no total de grau médio a difícil, mas é uma atração que considero umas das mais bonitas da Chapada. Vale o esforço. O complexo compreende oito cachoeiras espalhadas durante o percurso, que contempla jump, cânions e poços com água azul. As duas principais e maiores são a cachoeira da Caverna, de 37 metros, e a do Encontro, a última delas, onde normalmente está mais vazio e é possível aproveitar com tranquilidade. A entrada custa R$ 30 por pessoa.

Mirante da Janela e Cachoeira do Abismo: A vista do mirante, uma espécie de janela natural formada por pedras enormes, tem um dos visuais mais extraordinários da Chapada dos Veadeiros, com a cachoeira dos Saltos e o Parque Nacional ao fundo. A trilha de 8km ida e volta começa logo ao lado de São Jorge e exige um certo preparo físico. No meio do caminho está a cachoeira do Abismo, mas ela só existe na época das chuvas, de dezembro a março.

Parque Nacional: São três trilhas abertas à visitação: Saltos e Corredeiras, Cânions Cariocas (ambas com caminhada de 10km) e 7 Quedas (23km), onde é possível dormir acampado no local. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que em 2017 teve a sua área de preservação ampliada pelo Governo Federal, tem a sua entrada localizada na vila de São Jorge e é gratuito.

Outras cachoeiras: Cristais, Loquinhas e Poço Encantado são outras atrações bastante procuradas e com trilhas menores, de fácil acesso, as duas primeiras bem perto de Alto Paraíso. Algumas cachoeiras que também possuem beleza impressionante e valem ser citadas, mas com caminhadas mais longas, são Cordovil e Poço das Esmeraldas, Anjos e Arcanjos, Rio do Prata, Simão Correa, Chapada Alta do Mirantes e Ponte de Pedra.

O QUE MAIS FAZER:

Além do contato intenso com a natureza, Alto Paraíso de Goiás e os outros destinos da região oferecem a possibilidade de atividades de relaxamento, como massagem, yôga, terapias, retiros espirituais…. A cidade é bem pacata, conta com bons bares e restaurantes, mas não espere nada muito agitado durante a maior parte do ano. O Maracatu Leão do Cerrado, ritmo musical e dança com a predominância de instrumentos de percussão, tem ensaios abertos ao público aos domingos.

Encontro de Culturas: A época mais movimentada por lá é a segunda quinzena de julho, quando acontece em São Jorge o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. O evento recebe diversas etnias indígenas, tem rituais, oficinas, venda de artesanatos, workshops, shows nacionais e atrai muita gente. Um dos locais mais agitados, que conta com música e algumas festas é a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge.

COMER E BEBER:

A Entre os agradáveis restaurantes de Alto Paraíso, o grande destaque é o Cravo & Canela, uma verdadeira experiência vegetariana, com diversas opções curiosas de hambúrgueres artesanais, como acarajé, milho com baru, grão de bico, abóbora… Um aviso colocado em cima das mesas deixa bem claro o ritmo de sua refeição: “Gostaríamos de esclarecer que este local não é uma lanchonete fast-food. O alimento que chega à sua mesa é preparado com carinho e capricho, para que traga os melhores benefícios para o seu corpo e sua alma. Caso note que o restaurante está cheio, vista-se de paciência, pois certamente o seu pedido vai demorar. os colaboradores da nossa cozinha são instruídos a preparar seu prato com agilidade e zelo, porém sem perder suas qualidades artesanais. E tenha certeza de que a espera exercitará sua paciência, portanto, encha-se se alegria pois estará praticando uma das mais nobres virtudes. Bom apetite!”.

Outra boa opção para um bom almoço ou jantar é o La Vita é Bella, um restaurante italiano com pizzas, massas e risotos. Para lanches mais rápidos, a Tapiocaria serve uma variedade de tapiocas, sanduíches e açaí. Entres os produtos locais que fazem sucesso entre os viajantes, está o Gergeliko, um salgadinho de gergelim, e a excelente cerveja Chapadeira, que é produzida artesanalmente na própria e cidade e vendida de vários tipos, como IPA, blondie, golden, pilsen.

IMPERDÍVEL:

– Tente conhecer várias cachoeiras, pois cada uma tem a sua peculiaridade, mas se tiver que escolher uma, não perca as grandiosas Cataratas dos Couros.

– A contratação de um guia credenciado é obrigatória em algumas cachoeiras e recomendada em outras, principalmente nas trilhas mais longas.

– Aproveite a natureza e a boa energia da região sem pressa e sem estresse. Como diz o aviso do ótimo restaurante Cravo & Canela, exercite a paciência.

QUER SABER MAIS SOBRE A CHAPADA DOS VEADEIROS ? ACESSE TAMBÉM:

Site de turismo de Alto Paraíso

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 87 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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