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DJERBA: praias, o que fazer, onde ficar e mais dicas

Mar azul e camelos! A ilha tunisiana com algumas das melhores praias do Norte da África
Publicado em:

Quando fui a Djerba: Julho de 2019

Quanto tempo: 3 dias

Quando se pensa em na Tunísia, muito provavelmente praia não é a primeira imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas. Antes disso, é mais fácil imaginar a cultura árabe, muçulmanos, muita história, deserto e até camelos. Mas, além de tudo isso, espere encontrar por lá também belos cenários com o azul do Mar Mediterrâneo, principalmente na ilha de Djerba, que possui algumas das melhores praias do Norte da África. E foi justamente este destino que escolhemos para relaxar e aproveitar o calor excessivo no final da nossa viagem a este país interessantíssimo e relativamente ainda pouco turístico.

Ficamos três dias em Djerba em julho de 2019, verão no hemisfério Norte, com temperaturas bem quentes neste país de clima desértico, em uma viagem à Tunísia de oito dias no total, que incluiu também a capital Túnis e o tour no Deserto do Saara. Neste tempo, também conhecemos praias em Kelibia e Hammamet. Em uma comparação com outro destino africano que visitei também conhecido por praias paradisíacas, Djerba fica atrás de Zanzibar, na Tanzânia, no quesito beleza e também na agitação. Mas isso não diminui os méritos desta bela ilha tunisiana, já que sua “concorrente” tanzaniana está em nível altíssimo. Por outro lado, a Tunísia tem a vantagem de ser uma país de baixo custo, além da facilidade de estar bem perto da Europa, recebe muitos turistas do continente, e há boas opções de voos baratos.

E, claro, não só em praias se resume uma viagem a Djerba. Muita cultura e história também estão presentes em construções e atrações desta ilha que no passado já foi dominada por vários povos, como berberes, cartagineses, romanos, vândalos, bizantinos, árabes e franceses. Apesar da maioria da população ser de religião islâmica, como se pode ver em mesquitas, mercados e na Medina de Houmt Souk, também há uma importante comunidade judaica, e a bonita Sinagoga de la Ghriba é um ponto que vale a visita. Djerba reúne um pouco das principais coisas que a Tunísia oferece ao viajante e ainda tem algumas características únicas. Se praia for uma das prioridades na viagem, é um destino que precisa fazer parte do roteiro pelo país. É garantia de mar calmo, água cristalina e quente e, de quebra, ótima refeições com frutos do mar.

TRANSPORTE:

Djerba tem um aeroporto que recebe voos domésticos, incluindo da capital Túnis, e também de vários destinos internacionais da Europa. No nosso caso, fomos embora da Tunísia por lá, com a companhia low cost Transavia, pagando apenas 29 euros de Djerba até Paris, em uma viagem de três horas de duração. Nós chegamos ao país por Túnis, em um avião da Vueling, saindo de Menorca, na Espanha, com conexão em Barcelona, por 143 euros em plena alta temporada de verão. Para ir da capital tunisiana até Djerba, para quem preferir economizar e não pegar voo, também existe a possibilidade de ônibus (direto) ou trem (que vai até Gabes, depois é preciso pegar um ônibus ou “louage” por mais 70 km), em um trajeto total de cerca de 500 km percorridos em aproximadamente oito horas. É uma opção mais demorada, mas mais barata. Nós fizemos um tour pelo Deserto do Saara, e no fim, ao invés de voltarmos para Hammamet, a agência arrumou para a gente um transfer que saiu de Matmata (cidade que ficava no caminho) até Djerba, pelo preço total de 100 euros dividido para quatro pessoas, ou 25 euros para cada um.

Para circular na ilha, há os chamados “louages”, vans compartihadas que fazem a ligação entre os principais bairros ou vilas. Mas para nós turistas vale bem a pena pegar táxi, que tem preços baixos e é bem mais conveniente e rápido para ir a diferentes praias ou outras atrações de Djerba. Por exemplo, um táxi da zona turística na praia de Sidi Mahrez, onde fica a maioria dos hotéis, até a “capital” Houmt Souk, uma distância entre 15 km e 20 km, custa em média 15 dinars tunisianos (5 euros), e para o aeroporto, a 30 km, sai por 20 dinars (6,50 euros). Nunca é demais lembrar para ter atenção com os valores e negociar antes para evitar “golpes”.

HOSPEDAGEM:

A maioria dos hotéis de Djerba ficam localizados na parte nordeste na ilha, ao longo da costa, na zona turística da praia de Sidi Mahrez. Ficamos hospedados no The Ksar Djerba Charming Hotel & Spa, um bom hotel 4 estrelas, por 58 euros a diária do quarto duplo, com excelente buffet de café da manhã incluído, tendo feito a reserva apenas um mês antes e viajando na alta temporada. O local não tem nada de luxo, apesar da decoração tipicamente árabe, mas tem boa estrutura, com duas piscinas, spa, o Pubar (é este mesmo o criativo nome do bar), restaurante, bom quarto e amplo espaço. Apesar do pouco tempo que ficamos dentro do hotel, aproveitamos bem a piscina e o bar, com direito a muita cerveja e shisha (narguilé, que é um vício tradicional nos países árabes). Pelas facilidades e o preço pago, é mais um exemplo de que a Tunísia é um país de baixo custo para se viajar. O hotel não é exatamente pé na areia, mas fica a apenas 500 metros da praia e, para quem não quiser caminhar no calor, havia sempre um carrinho de golfe com motorista à disposição para fazer este trajeto. 

Para quem quiser economizar ainda mais, existem opções de hotel ou apartamento para alugar ainda mais baratos, mas mais simples e geralmente localizados mais distantes da praia, como na região de Houmt Souk, considerada a capital de Djerba, ou centro histórico.

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PRAIAS:

A praia de Sidi Mahrez é a principal e mais extensa de Djerba, onde estão localizados a maioria dos hotéis e resorts, na parte nordeste da ilha. Por ser a zona mais turística, lá estão espalhados na areia cadeiras, espreguiçadeiras e guarda-sóis de palha, boa estrutura da rede hoteleira e restaurantes, além de atividades de lazer, como caiaque e parasailing. Tem quase tudo que um destino popular de férias de verão pode oferecer ao turista, incluindo até alguns vendedores insistentes (mas nem tantos assim), porém, com menos pessoas (não era uma praia lotada) e algumas peculiaridades.  Entre elas, a presença de camelos e cavalos à disposição para um passeio (para os turistas alugarem) e a falta de cerveja nos bares (é proibido a venda e consumo de bebida alcóolica nas praias do país). A cor da água do mar é bem bonita, mais para verde do que azul na verdade, mas a beleza pode ser prejudicada pelo excesso de algas marinhas escuras em determinadas épocas e trechos. Quando fomos, tinha um pouco de algas nesta e em outras praias, então era preciso procurar o melhor lugar pra ficar.

Mas sem dúvida a melhor praia de Djerba, com água mais cristalina e areia branca, é a Ras R’mal, ou Ilha dos Flamingos Roses (Île aux Flamants Rosés). Localizada na região norte, é uma península de 5 km de extensão e cerca de 250 metros de largura, que está ligada por um istmo de areia, mas se transforma em ilha durante a maré cheia. É um lugar imperdível! Para ir até lá, é necessário fechar um passeio, e os barcos partem da Marina de Djerba, que fica em frente a Houmt Souk. Nós fizemos a reserva um dia antes na recepção do nosso hotel, pagando 20 euros por pessoa, valor que inclui o tour de 9h até 15h, transporte de ida e volta do hotel até a marina e almoço.

Os barcos são temáticos, cheios de piratas como animadores e uma apresentação meia-boca de gosto duvidoso, mas esta era a única forma de ir (não vimos barcos “normais” entre os cerca de 10 ou 15 naquele dia). E, apesar de ficarmos pouco tempo na praia mesmo, cerca de duas horas só (o resto do tempo foi gasto com transporte, navegação e almoço), vale a pena fazer o passeio pela beleza do lugar. Chegando na Ilha dos Flamingos (onde na verdade não vimos nenhum flamingo, mas sim camelos e cavalos), andamos até o lado onde fica a praia e escolhemos um ponto na areia para relaxar, aproveitar o sol e o mar. A dica é caminhar até a ponta esquerda, onde a água é bem mais clara e o cenário definitivamente paradisíaco (em outras partes havia muitas algas). No fim, antes de pegar o barco de volta, no espaço sob uma grande tenda de palha, foi servido o almoço (peixe assado, cuscuz, salada e brik, que é uma espécie de pastel frito) e houve uma apresentação de música e dança tunisiana.

Entre as outras praias de Djerba, seguindo recomendações locais de qual seria a melhor, fomos até a La Seguia, conhecida também como Lagune, na parte leste da ilha. A praia é relativamente pequena, mar também esverdeado e um restaurante (leia mais abaixo), mas mais isolada, com algum movimento de moradores locais. Também recebemos indicações das praias de Yati 1 e Yéti 2, mais próximas dos hotéis e com mais estrutura, e aparentemente igualmente bonitas.

O QUE MAIS FAZER:

Para quem não quer somente praia, Djerba tem outras atrações interessantes. Nós conhecemos algumas no último dia. A principal delas é Houmt Souk, considerada a capital da ilha, mas que na verdade está mais para um bairro, o centro histórico, ou a Medina. Lá, em um labirinto de pequenas ruas com construções de arquitetura típica, casinhas brancas com portas, janelas e varandas azuis, estão os tradicionais souks (mercados) árabes que vendem de tudo, incluindo roupas, artesanato, jóias, especiarias, souvenirs, etc… Além disso, há mesquitas e outros elementos da cultura islâmica, museus, lojas e restaurantes, com certo movimento no fim da tarde e início da noite, principalmente entre a Place Algerie e a Marina. Rodamos um pouco pela área e paramos para tomar um café e um chá, antes de ir para o aeroporto.

Mas logo antes disso, pedimos para o mesmo táxi que nos levou do hotel até Houmt Souk para passar antes e nos esperar na Sinagoga de la Ghriba, templo símbolo dos judeus que vivem há milhares de anos em Djerba. Lembrando que a Tunísia é um país muçulmano, e esta é uma das últimas comunidades judias que ainda existem no mundo árabe. A parte interna da sinagoga, que sofreu um atentado terrorista em 2002 e depois foi reformada, é bem bonita, com as paredes e arcos nas cores azul e branco, cheia de detalhes e azulejos com mosaicos desenhados. Entre as demais atrações de Djerba que não tivemos tempo de visitar, o destaque é vila histórica de Guellala, onde há produção de objetos de cerâmica. Outros lugares incluem o Djerba Explore e seus jacarés, o mercado de Midoun, o forte Borj El Kebir, várias mesquitas, parque aquático, passeios de barco.

COMER E BEBER:

Após pesquisas para procurar um lugar bom e barato para jantar, encontramos o restaurante Chez Chouchou, localizado perto da praia de Sidi Mahrez, na região de Midoun. Comi um ótimo prato individual de camarão ao creme, com arroz, salada e batata frita, por 20 dinars (6,50 euros). O lugar é bem simples, mas com cardápio variado e boas opções da culinária tunisiana, de carnes a frutos do mar. Gostamos bastante e certamente podemos indicar. Na mesma rua, outro dia tentamos ir no Rachid et Sophie, que também estava bem cotado, mas chegamos às 22h e já estava fechando. Vale ficar ligado nos horários de funcionamento dos restaurantes na Tunísia, já que muitos fecham cedo mesmo. Além disso, poucos vendem bebida alcoólica.

Com isso, nesse mesmo dia achamos na hora a poucos metros dali o Texas City Steak House, um bar num estilo meio americanizado com cardápio especializado em carnes. O lugar tem um espaço ao ar livre e também vira balada (e, claro, vende cerveja e álcool à vontade), mas imagino que encha mais aos finais de semana. Fomos em uma quarta-feira e, mesmo na alta temporada de julho, estava vazio. Djerba tem alguns bares com música e pequenas boates, mas não é dos lugares mais agitados do mundo. Por fim, posso indicar também o restaurante La Lagune, na praia de La Seguia, onde almocei de frente para o mar um ótimo misto de peixe grelhado e camarões, com salada e fritas, prato individual bem servido, por 40 dinars (13 euros). Na região de Houmt Souk também existe uma boa variedade de restaurantes, cafés e bares para todos os gostos.

OUTRAS CIDADES DE PRAIA:

Além de Djerba, a Tunísia possui algumas outras cidades com praias de destaque. As mais conhecidas são Hammamet, Sousse, Monastir, Sfax e Bizerte. Nós conhecemos rapidamente Hammamet, onde dormimos uma noite antes de iniciarmos o tour pelo Deserto do Saara. Apesar de ser um dos destinos mais turísticos do país, com boa estrutura de hotéis e até agito noturno, não achamos a praia assim tão bonita (bem inferior a Djerba e Kelibia). De qualquer forma, aproveitamos uma tarde lá, no Goa Private Beach, um beach club pé na areia, com direito a DJ, cerveja tunisiana Celtia, shisha (narguilé) e aperitivos. Não espere nenhuma festa de alto nível, mas foi divertido e uma boa oportunidade para conhecer mais um pouco da cultura local. O lugar fica bem ao lado do La Playa Hotel Club, onde ficamos hospedados por 85 euros a diária de um quarto quádruplo, em uma reserva feita apenas um dia antes, num hotel de frente para o mar, com piscina e bar com música ao vivo à noite.

Antes de ir para Hammamet, estávamos em Túnis, e no hostel fechamos um carro com motorista para fazer este trajeto, pagando um total de 50 euros para quatro pessoas, ou 12,50 euros cada um. Mas negociamos de ele fazer um desvio no caminho para passarmos algumas horas em Kelibia (100 km ao norte de Hammamet), uma pequena cidade litorânea, menos turística, que tive boas recomendações. E valeu bem a pena. Fomos na bela praia de La Mansourah, com água transparente e aquele visual espetacular do Mar Mediterrâneo. O local é frequentado basicamente por tunisianos, com as mulheres entrando no mar vestindo roupas típicas (abaya) e véu (hijab) na cabeça, seguindo os costumes muçulmanos, e olhares curiosos para as raras turistas que usavam biquíni. Bem diferente de Djerba, onde há muitos estrangeiros e a maioria das pessoas fica de biquíni na praia sem problemas. Almoçamos no canto da praia, perto das pedras, no restaurante El Mansourah, com cardápio variado e destaque para frutos do mar, mas preços um pouco altos para a média do país e qualidade apenas OK.

IMPERDÍVEL:

– A praia mais bonita de Djerba é a Ras R’mal, ou Ilha dos Flamingos Roses, que pode ser conhecida em um passeio de barco.

– Além de belas praias, Djerba conta com outros atrativos interessantes, como a Medina de Houmt Souk e a Sinagoga de la Ghriba.

– Aproveitando os preços baixos da Tunísia, vale a pena ficar em um hotel bem perto da praia e com boa estrutura, piscina, bar.

QUER SABER MAIS SOBRE DJERBA? ACESSE TAMBÉM:

Site oficial da Tunísia

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 89 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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4 COMMENTS

    • Oi Jean! Tem praias com estrutura de guarda-sol e cadeira, sim. A praia de Sidi Mahrez é a principal delas em Djerba. Lá na Tunísia é proibido a venda e consumo de bebida alcoólica na praia. Pra beber cerveja, teria que ficar nos bares e piscinas dos hotéis, alguns do lado da praia, mas sem poder ir pra areia bebendo.
      Abs

  1. Vou para a Tunisia em abril. Você acha que vale a pena ir para Djerba nessa época do ano, pois é mais frio? Você sabe se nessa época do ano as praias ficam vazias e os bares e restaurantes também? É que vou sozinho. E o Saara?

    • Fala, Marcelo… A temperatura média em Djerba em abril durante é o dia é de uns 20, 22 graus. Com sorte, mais no fim do mês, dá pra pegar praia, mas não é garantido. De qualquer forma, tem gente que prefere viajar fora da alta temporada, porque julho e agosto é um calor absurdo por lá. Então, tem movimento por lá nessa época também. Se o objetivo não for só praia, vale ir. Pro deserto, abril é ótimo, justamente por não estar tão quente. Abraço!

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