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LUANG PRABANG: o que fazer, como ir, dicas

Monges e templos budistas, natureza e uma volta ao reino do passado na tranquilidade do Laos
Publicado em:

Quando fui a Luang Prabang: Janeiro de 2014

Quanto tempo: 3 dias

Em uma viagem pelo sempre atrativo Sudeste da Ásia, Luang Prabang é certamente o lugar para desacelerar, para ter tranquilidade e dar uma volta no passado no que era o antigo reino do Laos. Um país que na maioria das vezes fica atrás dos vizinhos Tailândia, Camboja e Vietnã na preferência dos viajantes, mas tem muito a oferecer e merece atenção. Nesta pequena cidade de apenas 60 mil habitantes com imenso patrimônio cultural, monges e templos budistas fazem parte da rotina. Tudo isso cercado por muita natureza, como uma cachoeira espetacular. Quer mais? Preços baixos e excelente hospitalidade aos turistas.

Ficamos quase três dias inteiros por lá em janeiro de 2014, durante mochilão pelo Sudeste Asiático (confira o roteiro completo). Tempo suficiente para conhecer as principais atrações e entender porque muita gente se apaixona por este destino. Localizada em uma pequena península entre os rios Mekong, um dos maiores e mais importantes do mundo, e o Nam Khan, a agradável cidade conta com impressionante concentração de templos, o que justifica a tradução literal do nome Luang Prabang: Imagem do Buda Real. Além disso, bons restaurantes, bares e um mercado tradicional. Tudo em um ritmo bem calmo. Nos arredores, o principal destaque são as cachoeiras de Kuang Si.

Antiga capital do reino de mesmo nome e depois de Laos, Luang Prabang também tem influências da França, provenientes de quando foi protegida e integrada à Indochina Francesa até depois da Segunda Guerra Mundial. Disputada também durante a guerra civil no país asiático, e com fases de monarquia e depois comunismo, a cidade hoje vive uma paz inimaginável em um passado não tão distante assim. Com o crescimento do turismo na região, o conselho é aproveitar desta atmosfera tranquila o quanto antes.

TRANSPORTE:

Para chegar até Luang Prabang fizemos o trajeto mais demorado de todo nosso mochilão pelo Sudeste Asiático. Estávamos em Chiang Mai, na Tailândia, e foi uma viagem bem longa de ônibus, um total de quase 20h, com uma parada em Chiang Rai para visitar o Templo Branco (Wat Rong Khun), com tempo de imigração na fronteira e almoço inclusos, pelo preço total de 1.300 bahts (41 dólares). Fechamos tudo no hostel de Chiang Mai, com saída às 10h e chegada em Luang Prabang umas 5h30 da manhã do dia seguinte. O trecho de viagem na Tailândia até que é tranquilo, mas a parte do Laos é um perrengue considerável, com estradas ruins, muitas curvas e ônibus velho lotado com pessoas sentadas até em banquinhos no corredor. Existe também a opção de ir de avião, com a companhia Lao Airlines por exemplo, o que obviamente é mais caro. Outra possibilidade é fazer o mesmo trajeto aproveitando um passeio de barco pelo rio Mekong, o que parece interessante, mas demanda mais tempo, já que é preciso dormir uma ou duas noites no caminho.

Para ir embora, com destino a Hanói, no Vietnã, pegamos um voo da Vietnam Airlines comprado pela internet com apenas cinco dias de antecedência, por 160 dólares, e apenas uma hora de viagem. Também é possível fazer esta viagem entre o Laos e o Vietnã de ônibus, mas há relatos de que demora até 30 horas em uma estrada horrível, e a economia não compensaria. Se o roteiro incluir outras cidades do país, é mais tranquilo ir de ônibus ou van.

Em Luang Prabang, para conhecer os templos e os pontos de interesse que ficam dentro da pequena cidade, tudo é feito tranquilamente a pé. Alugar bicicleta também é uma opção. Para ir ao aeroporto ou às atrações nos arredores, como as cachoeiras de Kuang Si, normalmente o transporte é feito em pequenas caminhonetes ou tuk-tuks.

HOSPEDAGEM:

Sem ter reservado nada antes, chegamos na cidade e por indicação fomos para o Central Backpackers, por 18 dólares a diária de um quarto duplo, com café da manhã incluído. Era um hostel bem simples, calmo, sem qualquer atrativo especial e nem mesmo uma área comum para interação dos hóspedes. Mas era bem localizado, a uma curta caminhada das principais atrações. De qualquer forma, não procuramos outro lugar melhor para ficar e ele cumpriu bem o papel durante duas noites.

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O QUE FAZER:

O dia em Luang Prabang começa bem cedo, e foi exatamente no horário na nossa chegada à cidade, entre 5h e 6h da manhã, que estava acontecendo um ritual imperdível por lá: a Ronda das Almas (Alms Giving). Nesta cerimônia que acontece diariamente há mais de cem anos, centenas de monges com suas roupas laranjas, logo ao despertar, percorrem a principal rua do centro coletando alimentos oferecidos por moradores e turistas, que ficam sentados na calçada esperando eles passarem. A tradição atualmente já virou uma atração turística, mas é necessário ter respeito e bom senso na hora de tirar as fotos, enquanto os monges caminham lentamente e em silêncio pegando principalmente arroz, legumes e frutas. As doações são a comida diária dos monges, que seguem um ensinamento budista de compartilhar com os mais pobres. Nunca é fácil acordar tão cedo assim, quando ainda está escuro, mas vale a experiência única.

E por falar em budismo, são mesmo os templos da principal religião desta região da Ásia os principais atrativos do Old Quarter, o centro antigo de Luang Prabang. Um deles fica no complexo do Royal Palace, ou Haw Kham, um palácio construído pelo rei Sisavangvong, que foi a residência da família real de 1909 a 1975 e atualmente funciona como museu nacional. O ingresso custa 30.000 kips (3,50 dólares). Nos jardins, está o Wat Ho Pha Bang, o templo que abriga a imagem sagrada do Buda de ouro que dá nome à cidade. Bem em frente, fica o Monte Phou Si, e no topo dele está o templo That Chomsi e uma pequena caverna, a uma altura de 150 metros. É preciso pagar 20.000 kips (2,50 dólares) e subir uma escadaria de mais de 300 degraus para chegar lá no alto, de onde se tem uma bela vista da cidade em 360 graus. Uma dica é ir para ver o pôr do sol, apesar de ficar mais cheio neste horário.

A Rua Sisavangvong, a principal da cidade, conta com vários restaurantes, lojas, comércio em geral e casarões com arquitetura de influência colonial francesa. Seguindo ela até o final, chega-se ao Wat Xieng Thong, um monastério construído em 1560, composto por um bonito templo principal e vários outros menores. A entrada custa 20.000 kips (2,50 dólares). Visitamos tranquilamente todos esses lugares citados em um dia, e ainda existem muitos outros templos pelo centro, como o Wat Wisunarat e o Wat Xieng Muan. Em todos eles, para entrar é necessário usar roupas que cubram os ombros e joelhos.

Os mercados de rua também são ótima ideia para conhecer um pouco mais da cultura do Laos. Na rua principal são armados diariamente o Morning Market, com barraquinhas que vendem de tudo, de artesanato a insetos bizarros, e também o Night Market, que conta com uma sessão de comida em um beco lateral, um buffet com preços baixíssimos. Outra atração tradicional é a ponte de bambu sobre o Rio Nam Kham, montada sempre durante a estação seca, e depois desmontada na época das chuvas quando o nível do rio sobe. Para cruzá-la, paga-se 5.000 kips (0,60 dólar).

Mas Luang Prabang não se limita ao centro histórico, e algumas atrações nos arredores da cidade também se destacam. Nós fechamos um passeio que incluía as cachoeiras de Kuang Si, lugar definitivamente imperdível, além das cavernas de Pak Ou e do vilarejo Ban Xang Hai, conhecido como Whisky Village. Estávamos em seis pessoas e o tour custou 90.000 kips (10 dólares) para cada um, das 7h30 às 16h30, com o transporte feito em uma pequena caminhonete só pra nós. Acertamos tudo ali lá hora pela manhã mesmo, vários motoristas/guias ficam com seus tuk-tuks na rua principal da cidade, então é importante negociar bem o preço e pechinchar. Também foi preciso pagar mais 20.000 kips (2,50 dólares) para o ingresso das cachoeiras e 20.000 kips (2,50 dólares) da entrada nas cavernas. É bem tranquilo fechar tudo desta forma, mas existem pequenas agências que também organizam esses tours.

Começamos o dia indo às Pak Ou Caves, que estão localizadas a 25 km do centro. Chegando lá, entramos em um pequeno barco a remo para cruzar o Rio Mekong até a outra margem, onde ficam as cavernas encravadas nas pedras, que contam com centenas de imagens do Buda. Na sequência, paramos na vila Ban Xang Hai, onde é fabricado o tradicional whisky de arroz do Laos, o lao-lao. Lá, também vimos pequenos templos, lojas de artesanato e tecidos locais, além de presenciarmos um pouco da vida cotidiana de crianças e da população simples do país.

Depois, pegamos um longo trecho de estrada novamente e passamos por mais campos de agricultura para ir até as Kuang Si Falls, que ficam a 32 km de Luang Prabang, mas no sentido oposto. Saindo do centro, essa distância é percorrida em uns 45 minutos. Na área do parque, existem trilhas e é possível nadar em algumas partes das piscinas naturais formadas pelas quedas d´água. Em um dos pontos, tem um cipó em uma árvore de onde é possível se pendurar e pular na água gelada. O visual com a água esverdeada lembra bastante os Lagos Plitvice, na Croácia, e também Semuc Champey, na Guatemala. Ali também há um santuário de ursos asiáticos, onde é possível ver os animais que são resgatados e tratados.

Outras atividades em Luang Prabang que nós não fizemos incluem as cachoeiras de Tad Sae, o jardim botânico Pha Tad Ke, passeio de barco no Rio Mekong (alguns durante o pôr do sol), fazenda de elefantes, o Museu UXO (com a história das bombas jogadas no país durante guerras), massagem típica, aulas de culinária…

NOITE:

Não espere encontrar muita agitação noturna por lá, Luang Prabang certamente é um destino bem mais calmo que outros nas vizinhas Tailândia e Vietnã. Mas existem alguns bares interessantes na região da beira do rio Nam Kham, como o Utopia Bar, o campeão de indicações. Agradável, com mesas à luz de velas e frequentado basicamente por turistas. O horário de fechamento máximo dele e de todos os outros que ficam no centro é às 23h. Depois disso, nada mais funciona por ali. Mas nem tudo está perdido para quem quer estender a noite, beber um pouco mais e se divertir. Vários tuk-tuks ficam esperando na saída dos bares para levar a um Boliche que fica nos arredores da cidade. Isso mesmo, a “balada” lá é em um boliche, onde alguns até jogam nas pistas, como foi o nosso caso, mas boa parte vai mesmo só pra beber, ouvir música e curtir. Claro que não é nenhuma grande festa, mas é o que tem pra noite e vale pela diversão se você entrar no clima.

IMPERDÍVEL:

– Se tiver que escolher apenas um passeio para fazer em Luang Prabang, escolha as belas cachoeiras de Kuang Si e aproveite para entrar na água.

– Entre no clima de tranquilidade da cidade, desacelere e conheça um pouco da história e de templos budistas, como o Wat Xieng Thong.

– O Rio Mekong, um dos maiores e mais importantes do mundo, passa pela cidade e pode ser um bom cenário para o pôr do sol.

QUER SABER MAIS SOBRE LUANG PRABANG ? ACESSE TAMBÉM:

Site oficial da cidade

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 89 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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