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MONT SAINT-MICHEL: como ir, onde ficar, dicas de viagem

O Monte medieval sagrado da França, a abadia milenar e o incrível fenômeno das marés
Publicado em:

Quando fui ao Mont Saint-Michel: Novembro de 2017

Quanto tempo: 2 dias

O segundo ponto turístico mais visitado da França, atrás apenas de Paris, é um cartão-postal dos mais belos do país. Um imponente vilarejo medieval sagrado, cercado por muralhas, com uma abadia milenar no topo do morro e que ainda oferece ao visitante o incrível fenômeno da variação das marés, o que faz o lugar ficar ilhado em determinados dias do ano. Este é o Mont Saint-Michel, situado na costa da região da Normandia, na divisa com a Bretanha.

Localizado a 360 km da capital francesa, este Monte de apenas 4 km2 é um destino imperdível que pode até ser conhecido em somente um dia, fazendo um bate-volta, mas o aconselhável é dormir uma noite por lá, para evitar a multidão de turistas e aproveitar o lugar com mais tranquilidade logo cedo e à noite. Foi o que fizemos quando fomos em novembro de 2017, no começo da baixa-temporada, já com temperatura fria, mas uma data escolhida para ver a subida da maré. E vale a pena se programar para ir quando acontece este fenômeno. Depois, ainda aproveitamos para passar uma segunda noite da cidade de Saint Malo, também no litoral, uma ótima ideia para esticar a viagem.

Além de muita paz, história e visuais sensacionais, espere também comer muito bem no Mont Saint-Michel, seja apreciando os crepes, omeletes, mariscos ou outros pratos típicos da região. Bon voyage e bon appétit!

TRANSPORTE:

Não existe estação ferroviária exatamente no Mont Saint-Michel, então o jeito mais comum de ir a partir de Paris é pegar um trem e depois um ônibus. É possível comprar esses dois transportes combinados de uma só vez direto no site da SNCF, a empresa de trens da França. Pagamos bem barato, 27 euros para o trecho de ida, comprando com apenas uma semana de antecedência. Saímos pela manhã de trem Intercités da estação Paris Montparnasse até a cidadezinha de Villedieu les Polles, e depois pegamos um ônibus de menos de uma hora até o Monte, em um trajeto total de 4 horas.

Existe uma opção um pouco mais rápida, que é pegar o trem TGV até Rennes e depois o ônibus, viagem que dura 3 horas, mas custa bem mais caro, a partir de uns 70 euros só ida, podendo subir ainda mais se deixar para a última hora e na alta temporada. A volta pode ser feita no mesmo esquema, mas como nós fomos para Saint Malo, retornamos de lá para Paris, de ônibus da FlixBus, por 33 euros e 6 horas de duração. Também é possível voltar de trem, mas os preços estavam bem mais altos.

Para ir do Mont Saint-Michel a Saint-Malo, nós pegamos um ônibus até Pontorson (2,80 euros), outro ônibus até Dol de Bretagne (2,70 euros) e por fim um trem (5,30 euros), em um trajeto total de 2 horas. Neste link aqui tem todos os horários do transporte público entre as duas cidades. A FlixBus também faz essa viagem de ônibus direto uma vez por dia, mas o horário não atendia à nossa necessidade.

Uma outra alternativa é alugar um carro para fazer a viagem toda, o que te dá mais liberdade para parar em outros lugares, ter horários mais flexíveis e pode valer a pena financeiramente dependendo do número de pessoas. Também existem empresas que fazem excursões saindo de Paris, mas os preços costumam ser mais altos.

HOSPEDAGEM:

Ficamos hospedados fora da muralha, na pequena vila onde estão os hotéis mais em conta, a uma distância de cerca de 2,5km. A partir dali, é possível andar uns 20 minutos para chegar ao Monte ou pegar um ônibus gratuito (navette). Dormimos uma noite no Hotel de La Digue, três estrelas, por 63 euros a diária de um quarto duplo, excelente custo-benefício e bem localizado ao lado da barragem. Um outro ponto positivo é que alguns quartos tem vista para o Mont Saint-Michel.

Existem alguns hotéis dentro da muralha, mas os preços costumam ser mais altos. A vantagem dita de ficar hospedado dentro do Monte é a tranquilidade para caminhar pelas ruelas à noite, mas nada impede de fazer isso estando em um hotel fora. Foi o que fizemos, e é bem tranquilo de voltar mesmo com o dia já escuro.

Em Saint-Malo, ficamos no Hotel de La Cité, por 45 euros o quarto duplo, um nível ainda melhor do que o hotel do Mont Saint-Michel. Obviamente nada de luxo, mas um quarto confortável com ótimo preço e localização perfeita dentro das muralhas da parte velha da cidade. Vale lembrar que isso foi em novembro, portanto, na baixa temporada.

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O QUE FAZER:

Chegamos por lá pouco antes do meio-dia, horário que o Mont Saint-Michel está lotado de turistas e excursões, então preferimos usar este primeiro dia à tarde para fazer uma agradável caminhada com tranquilidade da vila onde ficamos hospedados até dentro das muralhas, aproveitando o dia com céu aberto (o que é raro por lá) para tirar fotos. Neste percurso, desde 2014 existe uma nova ponte sobre a baía, o que permite a ligação entre os dois pontos mesmo na maré cheia. Apenas os ônibus gratuitos, charretes por 6 euros, veículos especiais e pedestres podem circular na ponte, enquanto os carros e ônibus normais ficam estacionados a uma distância de uns 2,5km do Monte. Antes, era possível chegar dirigindo pela baía na maré baixa até a entrada, o que causava alguns problemas aos motoristas mais desatentos quando a água subia.

Não é preciso pagar nada para entrar na parte intramuros, onde a Grand Rue é a rua principal, que na verdade é uma ruela de pedra no estilo medieval, com restaurantes, creperias, lojinhas de souvenirs e muito movimento na parte da tarde, em contraste com a calmaria da manhã e da noite. Prepare-se para encarar muitas subidas, descidas e escadas para explorar bem o que já foi uma fortaleza na idade média. No final da tarde, escolhemos um lugar estratégico para ver a tão esperada subida da maré (leia abaixo mais detalhes sobre este fenômeno), situação que antigamente deixava pessoas ilhadas sem poderem voltar ao continente.

No segundo dia, acordamos cedo para ir na Abadia do Mont Saint-Michel, que começou a ser construída há mais de mil anos, em 708, e tem uma estátua do arcanjo São Miguel no topo. O ingresso custa 10 euros, e a visita pode ser feita em um tempo entre uma e duas horas de duração, passando pela igreja abacial, salões, jardins e uma interessante arquitetura histórica. Existem outras igrejas e museus menores no Monte, e um ingresso no valor de 18 euros dá direito a três atrações, incluindo a abadia.

Antes de irmos embora no fim da tarde, fizemos o tour a pé pela baía, por 8 euros por pessoa, pela empresa “Découverte de la Baie“, um passeio de uma hora e meia (há outras travessias mais longas) ao redor do Monte, durante a maré baixa. Neste tempo, o guia vai contando histórias do local e explica sobre a variação das marés. Como existe muita lama e até areia movediça em alguns pontos, é necessário fazer o passeio descalço ou com bota, além de usar bermuda ou dobrar a calça até o joelho. No verão, o clima certamente é mais agradável, mas mesmo no frio de 10 graus valeu bem a pena. Legal saber que você está caminhando pelo solo encharcado que horas depois estará tomado pela água do mar. Por este motivo é desaconselhável andar pela baía por conta própria, sem um guia, e há vários avisos lá alertando para o perigo. É até possível ir sozinho na parte inicial, mas é preciso ficar ligado nos horários das marés. 

FENÔMENO DAS MARÉS:

Apenas cerca de 20 vezes por ano acontece o fenômeno das grandes marés, quando o Mont Saint-Michel fica ilhado, circundado por água duas vezes por dia, nos momentos da maré cheia. Isso ocorre nos períodos de lua cheia e nova, e as datas e horários certos podem ser consultados no site oficial da cidade, na tábua das marés. Se possível, programe a viagem para quando este espetáculo acontece, afinal é um grande diferencial e atrativo especial. Nas épocas de maré morta, é praticamente impossível perceber a subida da água.

​Olhando a tabela, é a partir do coeficiente 100 que o Monte fica completamente cercado de água, mas a partir de 80 ele fica quase ilhado e já é possível ver consideravelmente a variação das marés. Nós fomos em um dia que o coeficiente era 87, com a maré máxima às 17h52, na hora do pôr do sol, e pudemos observar bem a mudança da paisagem (veja as fotos na galeria). É bom chegar duas horas antes deste horário para acompanhar o fenômeno. Seguindo uma indicação do escritório de turismo, primeiro ficamos no alto da Torre Norte, bem na muralha, para olhar a água subindo, o que acontece com certa velocidade. Depois, descemos para a ponte para ver de fora o Mont Saint-Michel como uma ilha.

​Com o tempo, o Monte foi perdendo as suas características naturais de antigamente, que era exatamente esta de ficar ilhado. No entanto, desde 2006 o governo da França anunciou a construção de uma barragem no Rio Couesnon, processo que devolve a água à baía quando é acionado, permitindo que o fenômeno das marés ocorra com maior frequência.

ONDE COMER:

​Come-se bem no Mont Saint-Michel, mas economizar não é uma tarefa fácil por lá. A maioria dos restaurantes tem cardápio parecido, preços quase que padronizados e não ficam abertos até tarde. Os menus com um crepe salgado (gallette), um crepe doce e sobremesa custam cerca de 15 euros. Os crepes são uma tradição na Normandia. Mais barato do que isso, apenas os sanduíches em lanchonetes ou crepes mais simples.

Os menus com entrada, prato principal e sobremesa saem a partir 19 euros, preço mais baixo que achamos, no restaurante do Hotel de La Digue, mas há outras opções mais caras e sofisticadas. Além dos crepes, mariscos e o cordeiro pré-salgado (agneau pré-salé) também são tradicionais na região. Mas a iguaria mais famosa do Monte é o omelete de La Mère Poulard, que é vendido pelo salgadíssimo preço de uns 40 euros no restaurante de mesmo nome, onde a receita foi inventada. No entanto, é possível comer esse mesmo omelete em outros estabelecimentos, que dizem fazer igual, como no Auberge Saint Pierre, onde paguei 15 euros.

SAINT-MALO:

Passamos apenas uma noite e uma manhã e tarde chuvosa de outono em Saint-Malo, o suficiente para nos deixar com vontade de voltar no verão. A cidade no litoral da Bretanha é bem agradável, com destaque para a área intramuros. Esta parte histórica foi completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial, mas reconstruída depois. No tempo que ficamos lá, caminhamos sobre as muralhas à beira-mar, vimos o castelo e também uma curiosa piscina na praia que só aparece durante a maré baixa.

Comer foi um dos nossos principais programas por lá. E como os crepes também são tradição bretã, a indicação é o restaurante La Brigantine, que foi bem recomendado e mais do que aprovado por nós. Tem uma boa variedade de sabores, com diversos tipos de queijos e presuntos, além da típica cidra local para o acompanhamento. No outro dia, almoçamos no Voiles & Vapeurs, um dos diversos restaurantes da cidade que servem ostras, mariscos, escargots e demais frutos do mar. A cidade de Cancale, que fica bem próxima dali, é conhecida pelas fazendas de ostras. Não tivemos tempo de visitar, mas em Saint-Malo é possível provar este molusco praticamente em toda esquina.

Também aproveitamos a sexta-feira que estávamos por lá para curtir a vida noturna de Saint-Malo, que certamente é mais agitada na alta temporada, mas ainda assim conta com alguns bares e baladas funcionando até de madrugada nos finais de semana durante todo o ano. Começamos no Le 109 Club, na região intramuros, depois fomos para o La Bam, fora das muralhas, ambos com DJ, músicas atuais e que costumam encher tarde (mas não enchem tanto assim na baixa temporada). A outra boate comentada por lá é a L’Escalier, que fica mais afastada do centro e não chegamos a conhecer.

IMPERDÍVEL:

– É aconselhável dormir uma noite no Mont Saint-Michel, para evitar a multidão de turistas que faz bate-volta e lota o lugar durante o período da tarde.

– Vale muito a pena programar a viagem para uma data que aconteça o fenômeno das marés, podendo observar a subida da água e o Monte ficando ilhado.

– Uma ótima ideia é combinar a viagem com uma ida também à agradável Saint-Malo, cidade mais movimentada e com boas praias no verão.

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Site oficial da cidade

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 87 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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