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SALAR DE UYUNI: tour, como ir ao deserto de sal na Bolívia

O impressionante maior deserto de sal do mundo, com lagoas, vulcões e muita aventura
Publicado em:

Quando fui ao Salar de Uyuni: Abril de 2007

Quanto tempo: 4 dias

Uma área de mais de 10 mil km2 de extensão, com 10 bilhões de toneladas de sal. Branco, muito branco. Pra qualquer lado que você olhe, você vai ver tudo branco. Uma visão realmente impressionante! Este é o Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, localizado no sul da Bolívia, lugar que ainda conta com lagoas, vulcões, gêiseres e até uma ilha com cactos, uma paisagem realmente espetacular.

Não à toa, este destino está em primeiro lugar no ranking do Bora Viajar Agora das top 10 belezas naturais do mundo. Mas para desfrutar dessa maravilha do planeta, é necessário ter um bom espírito de aventura. A maioria dos tours é de três dias, encarando bastante tempo de viagem em uma caminhonete 4×4, hospedagens sofríveis, pouco banho, frio e comida simples. Mas não se assuste. Para quem está acostumado a mochilar, não é nada muito diferente do que você já passou em algum lugar roots que visitou. Para quem tem pouco experiência de viagem neste estilo, ótima oportunidade para quebrar um paradigma e ainda conhecer um dos lugares mais sensacionais do mundo, tudo isso em uma país de custo baixíssimo. Visitei o Salar em abril de 2007, durante um mochilão de 27 dias que fiz pela América do Sul, aliás, o primeiro mochilão de tantos outros que vieram depois.

Localizado a uma altitude média de 3.656 metros no Altiplano boliviano, perto da Cordilheira dos Andes, o Salar de Uyuni começou a ser formado há cerca de 40 mil anos, na pré-história, quando ainda era um grande lago, que depois secou, formou lagoas menores e por fim virou o deserto atual. O sal (que parece sal grosso, pequenas pedrinhas brancas) teria sua origem por causa dos vários vulcões na região e também devido ao clima muito árido.

Além do turismo, o Salar tem papel fundamental na economia boliviana, já que é uma enorme fonte de extração de sal e conta com uma reserva de lítio. Por ser uma gigantesca área branca que pode ser avistada até do espaço, também é usado para a calibragem de satélites.

QUANDO IR:

Importante citar que o Salar de Uyuni pode ter duas aparências, dependendo da época do ano. Durante o período das chuvas no verão, entre dezembro e março, ele costuma ficar alagado, formando um espelho d’água, proporcionando uma bela imagem do céu refletindo no chão. Algumas partes, porém, podem ficar interditadas pelo acúmulo de água. Nos outros meses do ano, como quando fui em abril, ele normalmente está seco, às vezes até forma figuras geométricas no solo, uma visão também muito legal, com o horizonte a perder de vista em meio a tanto branco.

Por falar em clima, a temperatura por lá é bem baixa à noite, podendo chegar a 10°C graus negativos no inverno, enquanto durante o dia é mais ameno, podendo ir até uns 20°C nas estações mais quentes.

TRANSPORTE:

Comecei o tour do Salar a partir de San Pedro de Atacama, no norte do Chile. Antes de ir até lá, seguindo o roteiro do mochilão, eu estava em Arica, litoral chileno. Para fazer este trajeto, peguei um ônibus da Turbus, por 22 dólares e cerca de 13 horas de viagem, com uma parada em Calama. Depois dali, fui de ônibus da Geminis para Salta, na Argentina, 10 horas de viagem, por 46 dólares, com almoço e lanche inclusos no preço.

Para quem vai de avião até o Chile, Calama (existem voos ou ônibus da capital Santiago até lá) é a cidade com aeroporto mais próxima a San Pedro. Também é possível começar o tour na Bolívia mesmo, em Uyuni, cidadezinha que é servida por aviões ou ônibus saindo de La Paz.

O TOUR:

Fechei o tour direto em San Pedro de Atacama com apenas um dia de antecedência, na agência Colque Tours, uma das mais recomendadas. Apesar das recomendações, também já ouvi muitas reclamações dela. A verdade é que ali naquela região nada é 100% confiável, a qualidade do passeio depende muito do guia e também da sorte. Eu não tenho nada a reclamar, correu tudo bem, mas de qualquer forma é fundamental pesquisar, negociar o preço e se informar bem antes de fechar, perguntando sobre o roteiro, condições das acomodações, refeições, veículo, etc…

Na época, em 2007, paguei 100 dólares pelo tour de quatro dias e três noites, em uma caminhonete 4×4 com seis pessoas mais o motorista, com acomodação, café da manhã, almoço e jantar inclusos (é necessário levar garrafas de água). As refeições são bem básicas, mas para quem não tem frescura, dá para se alimentar tranquilamente. Teve pão, frios, atum, salada, ovo, macarrão, frango, tudo feito pelo próprio motorista/guia/cozinheiro, algumas vezes em uma mesa armada ao ar livre no meio do deserto, outras nas hospedagens que ficamos. E por falar em hospedagens, aí está o principal ponto do “espírito aventureiro”, que muita gente considera perrengue, e relatarei com mais detalhes a seguir.

Lembrando que também é possível iniciar o passeio em Uyuni, na Bolívia. No meu caso, eu comecei e terminei em San Pedro (na parte de baixo do Salar), então o primeiro dia inteiro foi praticamente de viagem direto até Uyuni (que fica na parte de cima), onde de fato o tour teve início na manhã seguinte. Para quem começa em um ponto e termina no outro, o mais comum são as excursões de três dias e duas noites.

1º dia – Saímos cedo de San Pedro de Atacama, cruzamos a fronteira do Chile com a Bolívia e passamos pela imigração. Como já citei acima, neste primeiro dia fomos direto até Uyuni, parando apenas para as refeições, em uma longa viagem. Chegando na cidadezinha boliviana no fim da tarde, fiquei no hotel Kutimuy, em um quarto privado simples, mas OK.

2º dia – Foi quando o tour teve de fato o seu início. Na agência em Uyuni, conheci o guia, os cinco israelenses que foram na mesma caminhonete e partimos logo pela manhã. A primeira parada foi no Cemitério de Trens, onde ficam várias locomotivas e vagões velhos e abandonados, e depois no vilarejo de Colchani, com barraquinhas de artesanatos feitos de sal. Em seguida, entramos na área do Salar e tivemos a primeira vista daquela imensidão branca. Passamos também pelo Hotel de Sal, com paredes construídas de Sal, e vimos locais de extração de sal. Já à tarde, paramos na Isla del Pescado, ou Isla Incahuasi, uma ilha no meio do deserto cheia de cactos enormes e rochas. Foi ali onde ficamos mais tempo, almoçamos, pudemos conhecer o lugar e ainda tirar aquelas fotos usando a perspectiva, que te deixam gigante ou minúsculo. De lá fomos para a hospedagem onde dormimos e também jantamos, perto de Chuvica. Instalações bem básicas e quartos compartilhadas, mas tinha chuveiro quente pelo menos.

3º dia – Dia com mais tempo na estrada (na verdade uma estrada “invisível”, já que não há demarcação no chão branco e apenas quem conhece mesmo o local sabe a direção), mas também muitas atrações no caminho. Depois de deixarmos a área realmente do Salar, entramos no Deserto de Siloli, um dos mais áridos do mundo, com várias formações rochosas, belas paisagens e trecho a cerca de 5 mil metros acima do nível do mar. Avistamos de longe o Vulcão Ollague, fomos à Árbol de Piedra (uma rocha em formato de árvore) e também conhecemos as Lagunas Altiplânicas, mais precisamente a Hedionda, a Cañapa e a Ramaditas. A mais legal dessas lagoas é a Hedionda, com águas cristalinas e lotada de flamingos. No fim da tarde chegamos à Laguna Colorada, de cor vermelha bem escura. Foi em um abrigo bem ali ao lado que dormimos, esta sim uma hospedagem bastante precária, sem banho e com um frio absurdo durante a noite.

4º dia – No quarto e último dia, partimos antes mesmo de o sol nascer para ver os Gêiseres Sol de Mañana, que são buracos no solo de onde saem jatos de fumaça e borbulhas de água provenientes do calor da lava vulcânica, em uma explicação resumida bem simples. O fenômeno natural é bem interessante. Depois paramos em umas águas termais, para os corajosos que tiveram coragem de entrar na “piscina” aquecida, apesar do frio de alguns graus negativos logo cedo. Na sequência, a parada foi na Laguna Verde, que rende uma espetacular imagem do Vulcão Licancabur ao fundo refletido na água. Por fim, fomos até a Laguna Blanca, onde o tour termina, antes de passarmos de volta na imigração e encerrarmos a aventura retornando à cidadezinha chilena de San Pedro de Atacama.

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IMPERDÍVEL:

– Importante saber que o Salar fica alagado entre novembro e março e está seco no resto do ano. As duas aparências são sensacionais, mas escolha a época que mais lhe agrade.

– Entre tantas atrações, é difícil citar o que é mais imperdível. Mas os meus destaques são a Laguna Verde e a Isla del Pescado no meio de uma imensidão branca.

– Como nada é 100% confiável por lá, é fundamental pesquisar bem e se informar sobre preços, roteiro, condições das acomodações, refeições, veículo, etc…

QUER SABER MAIS SOBRE SALAR DE UYUNI ? ACESSE TAMBÉM:

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​- Um Viajante

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 89 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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