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SERENGETI e NGORONGORO: como fazer safári na África

Hakuna matata! Saindo de Arusha, o safári em campings nos famosos parques da Tanzânia
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Quando fui ao Serengeti e Ngorongoro: Julho de 2017

Quanto tempo: 4 dias

Se a sua principal imagem do turismo na África é fazer um safári, você não está errado. Apesar de este imenso continente apresentar um infinidade de atrações interessantes, a possibilidade de ver bem de perto milhares de animais selvagens em seu habitat natural é mesmo o ponto alto. E onde fazer um safári na África? São muitas as opções, mas certamente a Tanzânia é o país que oferece uma das melhores condições para este tipo de passeio, mais precisamente nos famosos parques do Serengeti e de Ngorongoro. Por lá, seja dormindo em barracas de camping ou ficando em lodges mais confortáveis, a garantia é de passar dias inesquecíveis com boas chances de avistar os “Big Five”, os cinco mamíferos de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem: leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte.

Arusha é a principal cidade de onde partem os safáris no norte da Tanzânia, é lá onde fica a maioria das agências que organizam os passeios. No entanto, deixar para fechar tudo lá é arriscado, a menos que você tenha tempo disponível, flexibilidade e bom poder de negociação para evitar possíveis “golpes”. A melhor forma para garantir uma boa experiência é pesquisar bastante, ver com antecedência pela internet para escolher uma operadora de tour confiável. O site Safari Bookings é uma boa plataforma para isso, com uma lista de várias empresas africanas, informações e comentários sobre a reputação de cada uma. Nós fizemos tudo com a Greg Adventures (leia mais abaixo).

E quanto tempo é o ideal para um safári? Quando custa? Depende muito. Pode ser apenas um dia ou até de uns 20 dias. Pode custar 200 dólares ou 10 mil dólares, por exemplo. O fato é que os safáris nesses parques conhecidos não são baratos, e muitas vezes economizar demais pode significar uma furada, mas claro que é possível ajustar os gastos de acordo com o orçamento de cada um. Dizem que 200 dólares por dia é uma média boa, para quem não liga de dormir acampado no meio da selva e pode ir em grupo. Menos do que esse valor, desconfie. Já para quem só admite ficar em lodges e acomodações com mais conforto e quer algo mais privado, espere pagar no mínimo o dobro. Quanto ao tempo, de quatro a sete dias costuma ser bem recomendado, mais do que isso pode ser cansativo. Mas, claro, isso tudo vai do estilo de cada pessoa.

Dito isto e feita a escolha, pegue a câmera fotográfica (e uma lente com bom zoom e/ou um binóculo é imprescindível) e prepare-se para aproveitar dias curtindo uma paisagem espetacular junto com uma quantidade incrível de animais soltos na savana africana. E “Hakuna Matata”, como dizem constantemente os carismáticos tanzanianos, expressão na língua swahili que significa “sem problemas!”

TRANSPORTE:

Nós chegamos e saímos de Arusha de avião, forma que compensou bem pelos preços que pagamos e pelo tempo curto que tínhamos. Na ida, estávamos em Lusaka, na Zâmbia, e pagamos 130 dólares em um voo da Fastjet, com conexão de cinco horas em Dar es Salaam, trajeto total que durou dez horas. Na volta, pegamos um voo da Air Tanzania direto para Zanzibar, por 95 dólares e uma hora de duração. Em ambos os casos, usamos o aeroporto internacional de Kilimanjaro, que fica a 50km de Arusha. Um táxi de lá até o centro da cidade sai por uns 50 dólares, mas muitas agências de safári incluem no pacote esse transporte na chegada e depois na volta, é importante checar, pois vale muito a pena.

Existem outras companhias aéreas da Tanzânia que voam para o aeroporto de Arusha, menor e mais central. Existe uma opção bem mais econômica de chegar até Arusha partindo da capital Dar es Salaam, que é pegando um ônibus por cerca de 15 dólares, mas gasta-se entre 10 e 12 horas na estrada.

Já no início do safári, para quem prefere evitar viagens longas de jipe de Arusha até o Serengeti, por exemplo, é possível evitar horas na estrada e pegar um avião. Várias empresas locais usam monomotores para ir até pequenas pistas de pouso espalhadas em diversos pontos do parque, como Seronera e Grumeti, mas os preços normalmente são bem elevados e é bom comprar com boa antecedência.

HOSPEDAGEM:

Na noite anterior ao início do safári e também na noite após o fim, ficamos hospedados no Villa Poa, pousada que pertence aos donos do Greg Adventures, portanto não pagamos nada a mais por isso, já que estava incluso no pacote. O local é bem tranquilo, com ambiente familiar e comida caseira para o jantar. Usamos a pousada mais para dormir mesmo, já que tivemos pouco tempo por lá. Fica localizada a uns 10 minutos do centro de Arusha, sem muito o que fazer nos arredores, mas é possível pegar van ou táxi para fazer este trajeto e ir até o comércio, mercados, restaurantes, bares…

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O SAFÁRI:

Como bons mochileiros e com a grana limitada, pesquisamos bem, trocamos e-mails e negociamos com algumas agências até acharmos um preço e um itinerário que nos agradou. Fechamos tudo com um mês de antecedência. Pelo custo-benefício, boas referências e pelo bom atendimento, a escolhida foi a Greg Adventures, que cumpriu bem o que havia prometido e podemos recomendar. Entre julho e agosto de 2017, durante nosso mochilão pela África (veja o roteiro completo), fizemos um safári de quatro dias e três noites acampados, nos parques do Serengeti, Ngorongoro e Tarangire, pagando 750 dólares por pessoa em um jipe com quatro turistas (nós dois e mais um casal de noruegueses), além do motorista/guia e o cozinheiro. Este valor incluiu: os game drives, hospedagem em barracas de camping, todas as refeições, bebidas, transporte em jipe 4×4, taxas dos parques, e também o transfer de ida e volta até o aeroporto de Kilimanjaro e mais duas noites de hospedagem em Arusha no início e no fim do safári.

Tudo correu muito bem durante os quatro dias, com destaque para a boa vontade e eficiência do guia David, que demonstrou conhecimento da área e da vida selvagem, sempre disposto a ficar parado o tempo que fosse para tirarmos fotos e ver os animais em ação ou para dirigir com rapidez na busca para avistarmos algum bicho em outro ponto do parque. Vale destacar também o ótimo trabalho do cozinheiro Paul, que preparou cafés da manhã, almoços e jantares variados, fartos e saborosos, com carne, frango, peixe, tomando sempre o cuidado de perguntar a preferência de cada um e preparar pratos vegetarianos e também sem pimenta para quem não gostava. O bom trabalho e a simpatia dos dois compensou até mesmo o atraso de 1h30 no horário que estava programado para a saída no primeiro dia, acho que a única falha do passeio, mas que acabou sendo um detalhe pequeno. Afinal, como eles mesmo dizem por lá: “African time”. A pontualidade de fato não é o forte na África, mas não tivemos mais problemas neste sentido no safári.

Assim como todos os jipes que vimos por lá, o nosso também tinha o teto retrátil que era sempre aberto durante os game drives para a melhor observação e contava com tomadas para carregar celular e câmeras. Quanto aos campings, dormimos em barracas com sacos de dormir fornecidas pela agência, nem todos os banhos foram com água quente e as refeições eram em um salão comunitário. Obviamente não tinha nada de luxo, mas quer experiência mais autêntica do que estar acampado no meio da selva africana cercado de animais? E, claro, tudo é feito em uma área que não coloca as pessoas em risco. O máximo que vimos à noite perto das barracas foram umas zebras, e talvez uns olhos de hiena à distância, alguns barulhos, mas estamos todos vivos por aqui!

TARANGIRE:

Nosso safári começou pela manhã saindo de Arusha, e depois de duas horas na estrada chegamos ao Tarangire National Park, o sexto maior parque nacional da Tanzânia, que normalmente é combinado nos safáris com Serengeti e Ngorongoro, por ficar no meio do caminho (o Lake Manyara é a outra opção). O Tarangire tem uma grande concentração de animais na época da seca, de junho a novembro, especialmente elefantes. Outra característica do local é a presença dos baobás, árvores com troncos grossos típicas desta região da África. 

Almoçamos uma lunch box logo na entrada, enquanto esperávamos a fila de registro no portão, e começamos um game drive de cinco horas, que durou até o fechamento do parque no fim da tarde. Além de muitos elefantes, vimos também várias zebras, gnus, girafas, impalas, gazelas e diferentes tipos de pássaros. No fim, quando já pensávamos que não avistaríamos nenhum predador neste primeiro dia, achamos três leões descansando em cima de uma árvore, e logo depois duas cheetahs (guepardos). Depois, fomos para o Lilac Tented Camp, um camping que fica na vila de Mto Wa Mbu, fora do parque, onde jantamos e dormimos.

SERENGETI:

No segundo dia, acordamos bem cedo e partimos rumo ao Serengeti National Park, o mais famoso e segundo maior parque nacional do país, com área de quase 15 mil km2 e uma enorme variedade de espécies. Uma das grandes atrações do Serengeti, que significa planície infinita,  é a Grande Migração, evento anual em que milhões de gnus, zebras e outros bichos se deslocam juntos em busca de água e comida. Pelo tamanho do parque, é importante programar em qual parte ir de acordo com a época do ano. Entre dezembro e abril, a maior concentração de animais está perto de Seronera, sul do Serengeti e local de mais fácil acesso a partir de Arusha. Entre maio e julho, o melhor lugar é na parte oeste, para o cruzamento do Rio Grumeti. Já entre agosto e outubro o ideal é ir para o norte, próximo à fronteira com a reserva Masai Mara, no Quênia. Claro que como é um fenômeno da natureza, esse tempo pode variar um pouco.

Nós estivemos no sul até a parte central no fim de julho, período da seca, a concentração não era tão grande, mas mesmo assim pudemos ver uma quantidade grande e variada de animais, os residentes permanecem por ali. Teve leão caçando um grupo de búfalos, leopardo comendo um impala em cima da árvore, famílias de leões, cheetahs, hienas, elefantes, zebras, girafas, hipopótamos, crocodilos, javalis (lembra do Pumba?), avestruz e diversos tipos de antílopes morrendo de medo dos carnívoros. Os predadores são sempre os mais difíceis de achar, mas neste tempo conseguimos ver vários leões, leopardos e cheetahs. Alguns ficavam mais de longe, escondidos em árvores, mas outros passaram bem ao lado dos carros. Seja lá em qual época do ano você for, o Serengeti é imperdível.

Foram dois dias de game drive por lá. Depois de partir de perto do Tarangire e cruzar parte da área do Ngorongoro, ficamos a manhã toda na estrada neste segundo dia de safári. O passeio mesmo em busca dos animais no Serengeti aconteceu à tarde, depois do almoço, durou quase quatro horas e terminou já anoitecendo. Jantamos e passamos a noite no Seronera Public Campsite, dentro do parque. No terceiro dia, saímos logo cedo para ver o belo nascer do sol na imensidão das planícies do Serengeti, por trás das árvores típicas da região, aquela tradicional cena da savana africana vista no filme “O Rei Leão”. Fizemos mais um game drive pela manhã de umas cinco horas, almoçamos e à tarde pegamos a estrada de volta rumo a Ngorongoro, onde jantamos e passamos a última noite.

NGORONGORO

Depois de dormirmos no Simba Public Campsite, um camping na Área de Conservação de Ngorongoro, nosso quarto e último dia de safári começou cedo descendo para um game drive de quatro horas na Cratera de Ngorongoro. Com 19km de diâmetro, esta cratera é a maior caldeira do mundo de um vulcão desmoronado, fato que aconteceu há 2,5 bilhões de anos, deixando um espaço gigantesco que hoje abriga uma grande quantidade e concentração de animais selvagens durante o ano inteiro. Por contar com quase a totalidade de espécies, é considerada a Arca de Noé da África Oriental.

Assim como o Serengeti, Ngorongoro também é imperdível, lá vimos praticamente a mesma variedade de animais do que no parque anterior, mas desta vez uma concentração um pouco maior e a uma distância menor. Mais famílias de leões, muitos búfalos, gnus, zebras, elefantes, hipopótamos… Faltou apenas um bicho para completar o tão procurado “Big Five”: o rinoceronte. Procuramos, procuramos, e nada. Ele não apareceu! Faz parte, é assim quando os animais estão soltos na natureza. Fica um motivo a mais para retornar para a África no futuro e fazer mais um safári. Depois do almoço, entramos novamente no jipe e chegamos de volta em Arusha no fim da tarde.

VILA MASAI:

Um dia antes do safári, logo que chegamos a Arusha, visitamos uma autêntica Vila Masai, um grupo étnico seminômade que vive isolado no norte da Tanzânia e no Quênia. E digo autêntica porque, entre as várias vilas masais espalhadas pela região, algumas delas são “fakes”, estão lá apenas para vender souvenirs e tirar dinheiro dos turistas. Isso acontece na área de Ngorongoro, onde alguns masais bem espertinhos querem cobrar até por uma foto tirada deles. Para este passeio, seguimos a indicação da Greg Adventures e pagamos 50 dólares por pessoa para passar uma tarde na humilde vila onde mora a família do Ayubu, um jovem masai que trabalha como recepcionista do Villa Poa. Neste preço, também estava incluso o transporte de ida e volta até o local, que fica a pouco mais de uma hora do centro de Arusha, além de alimentos para serem doados.

A experiência é marcante e sensacional. O isolamento dos masais da realidade do resto do mundo chama atenção. Apesar de atualmente muitos adultos já conviverem com a população das cidades, outros vários ainda não têm qualquer contato com a civilização. A pureza e o comportamento das crianças chama a atenção. Quando chegamos à vila, a princípio eles estavam mais tímidos, mas depois se soltaram mais e ficaram fascinados em ver cada foto deles no visor da câmera. Ficaram impressionados com nossas tatuagens, com o cabelo liso, e passavam a mão o tempo inteiro, queriam tocar. É difícil até de explicar o sentimento.

A vila, claro, é bastante simples, com casas construídas com esterco de vaca e barro, sem qualquer infraestrutura. Para ter água por exemplo, eles cavaram tipo um “piscinão”, onde armazenam água da chuva para a época da seca. Entre as várias tradições dos masais, que se distinguem de outras tribos por vestirem roupas sempre com vermelho e usarem alargadores de orelha, está a dos jovens que passam por uma cerimônia de iniciação da maioridade para serem guerreiros, irem à caça e defenderem o seu povo. Outro ponto interessante: quanto mais vacas e cabras a família tiver, mais rica ela é. E vimos bem de perto como isso é levado a sério. Antes de chegarmos à vila, fomos em um Mercado Masai, onde animais eram vendidos e negociados, assim como diversos produtos. Nós éramos os únicos turistas lá naquele momento. Enfim, foi realmente uma experiência bem autêntica e recompensadora, um plus a mais para acrescentar aos dias de safári nesta região da Tanzânia.

IMPERDÍVEL:

– Pesquisar bastante, ver a reputação das agências, mandar e-mails e negociar o safári de acordo com os seus interesses e orçamento, evitando entrar em uma furada.

– O Serengeti e o Ngorongoro são os parques com taxas mais altas, o primeiro é mais longe de Arusha, mas coloque os dois no itinerário do safári.

– Leve uma câmera com bom zoom e/ou binóculo. No mais, aproveite!. Entre no alegre ritmo africano, esqueça os problemas e “Hakuna Matata”!

QUER SABER MAIS SOBRE SAFÁRI? ACESSE TAMBÉM:

Site oficial dos Parques Nacionais da Tanzânia

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 87 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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