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VOLUNTARIADO NA TANZÂNIA: como funciona na África

Experiência contagiante com crianças de uma escola em Arusha: como fazer voluntariado na África
Publicado em:

Quando fez o voluntariado na Tanzânia: Dezembro de 2019

Quanto tempo: 2 semanas

Para quem, assim como eu, sempre teve vontade de participar de algum voluntariado fica uma dica valiosa: Worldpackers. Essa plataforma troca hospedagem por trabalho voluntário em todo o mundo, e são vários tipos de trabalho: projetos sociais, em hostels, em fazendas com plantação, cuidando de animais, etc… No meu caso, fiquei durante duas semanas ensinando inglês e matemática para crianças de uma escola na Tanzânia, no leste da África.

Para isso, basta preencher seu perfil no aplicativo e procurar o que te interessa. Porém, só é possível aplicar para algum programa se você for membro, e para isso é necessário pagar uma taxa anual de aproximadamente R$ 250. Cada programa tem seus critérios como tempo mínimo de estadia, quantas horas você vai trabalhar por semana, se é necessário pagar taxa extra, se aceitam casais, se o quarto é individual ou compartilhado, qual língua é necessário ser fluente e quais as coisas que oferecem ao voluntário. Basta selecionar as datas de seu interesse e aguardar a aprovação do anfitrião – coordenador do projeto. Também é possível mandar mensagem através do aplicativo e receber convites de outros anfitriões. Além do Worldpackers, tem o Workaway, que eu particularmente não conheço mas é um programa semelhante.

O PLANEJAMENTO:

​Então vou contar um pouquinho da minha experiência em Arusha, na Tanzânia. Como mencionei, sempre tive vontade de participar de um trabalho social, descobri o Worldpackers e comecei a pesquisar. O que mais me interessou foi esse projeto chamado Beyond Child Smile, localizado em Arusha, onde os voluntários vão para ensinar matemática e inglês para as crianças. Preenchi meu perfil com os meus interesses, um breve resumo sobre mim, fotos – quanto mais informações, mais chances terá de ser aprovado – e entrei em contato com alguns brasileiros que haviam ido para lá, pois é possível visualizar os comentários de outros voluntários. Falei com umas duas pessoas e ambos adoraram a experiência, me deram muitas dicas e eu me empolguei ainda mais. Então, paguei a anuidade, consegui o contato via WhatsApp de um dos coordenadores do projeto e já falei com ele antes de aplicar pelo aplicativo, pois como faltava quase um ano para a data que eu poderia ir, ainda não era possível selecionar pelo app (as datas não ficam disponíveis para o ano todo).

Mas dá pra ir sem ser pelo Worldpackers já que você entrou em contato direto? Acho que até dá mas eu não arriscaria, pois nessa taxa anual está incluso um suporte do programa caso tenha algum problema de segurança, ou qualquer outro tipo. E apesar de ter ouvido somente coisas boas, nós nunca podemos arriscar em ir para um local diferente, com cultura e pessoas diferentes. Nossa segurança em primeiro lugar sempre. Quando as datas apareceram para mim, eu solicitei aprovação também pelo aplicativo já sabendo que estava tudo ok para ir. Preferi ver tudo antes para comprar as passagens antecipadamente e pagar mais barato. Não tive quaisquer problemas com esse processo todo.

A VIAGEM:

O caminho de São Paulo até Arusha é chatinho, mas vale a pena. Viajei em um voo da South African Airways de Guarulhos a Dar Es Salaam, com escala em Joanesburgo. Precisei pesquisar companhias aéreas locais da Tanzânia para ir de Dar Es Salaam até Kilimanjaro, e o Marko, coordenador do projeto, foi me buscar de táxi para irmos de Kilimanjaro até Arusha. Não tive nenhum problema na compra das passagens e nos meus voos, mas conheço algumas pessoas que tiveram voos cancelados, atrasados, escalas ruins, enfim… É um risco. As companhias aéreas locais mais conhecidas são: Air Tanzania, Precision Air, Coastal Air, e eu costumo procurar pelo Skyscanner e Momondo, que são aplicativos que mostram os voos mais baratos. Mesmo assim é bom ver o preço no site da companhia, como fiz com a Precision. Lembrando que para isso é preciso ter um cartão de crédito internacional habilitado para uso no exterior.

A moeda local é o xelim tanzaniano, 1 real é igual a aproximadamente 566 xelins. O visto para entrar na Tanzânia pode ser tirado no aeroporto, com uma taxa de 50 dólares. Aconselho a levar dólares e trocar por xelim quando chegar na Tanzânia – lembrando que o câmbio no aeroporto é mais caro do que na cidade. A língua local é o suaíli (swahili), mas algumas pessoas falam inglês também. O fuso horário é de 6 horas a mais por lá. Então saí do Brasil no sábado às 16h e cheguei em Arusha domingo por volta das 21h30, horário local. Após o voluntariado, no fim da viagem, ainda aproveitei para ficar mais uns dias no país para fazer um safári na Tanzânia e conhecer as praias de Zanzibar.

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O VOLUNTARIADO:

Fiquei em uma comunidade chamada Ilboru-Visiwani, em que as ruas não eram asfaltadas, eram bem irregulares e cheias de pedras; fiquei na casa de uma família com um quarto só para mim e haviam mais 3 voluntários na mesma casa, fora os outros dois voluntários (entre eles um brasileiro) que estavam em outras casas. A alimentação consiste em carboidratos, muitas frutas e legumes, quase não se come proteína, pois é caro para eles.

Lá não tem rede de esgoto, tratamento de água, eletricidade é bem caro então tive sorte por ter água quente no banho mas não é sempre assim e confesso que a minha maior preocupação nisso tudo era o vaso sanitário pois lá eles utilizam mais o “turkish toilet” mas o meu era esse nosso mesmo!! Ufa! De início eu fiquei impressionada ao ver as diferenças com o que estou acostumada, pois é uma região muito pobre realmente. Eu fui muito bem acolhida, os tanzanianos são extremamente receptivos e sorridentes.

Nesse projeto era necessário pagar uma taxa de 10 dólares ao dia, dizem que é para água e eletricidade. Falando na água, nem pensar em tomar água da torneira por lá, só água mineral. Como faltava uma semana para entrarem de férias, já que fui em dezembro, só fomos a uma escola pública e uma particular para conhecer e ver como funcionam, e à tarde íamos à biblioteca da comunidade – uma sala construída por voluntários belgas. Na biblioteca os voluntários ajudam as crianças com matemática e inglês (e brincamos muito depois da aula também…rs). Depois, quando estavam de férias, íamos de manhã e à tarde.

São poucos voluntários para a quantidade de crianças, que vai do baby class até nível 7, por isso eles precisam tanto de voluntários para ajudar. A biblioteca serve como um reforço da escola pois, pasmem, a escola pública que visitamos tem cerca de 1.000 alunos para 11 professores! Sim, é inacreditável, porém é verdade, eu fiquei chocada quando fui lá. Ao chegar, as crianças ficam ao nosso redor, querendo tocar nossas mãos, e são muuuitas crianças por lá! O governo provê uniformes, mas não disponibiliza material escolar ou merenda, muitos têm sapatos rasgados e condições muito precárias. É triste. Me fez refletir em um monte de coisas, mas mesmo assim você só vê sorrisos, brincadeiras, amam tirar fotos com a gente. É contagiante!

Fiquei duas semanas no projeto, que é o tempo mínimo, porém é possível ficar bem mais. Quem puder ir fora da época de férias, pode voluntariar de manhã em alguma escola e à tarde na biblioteca. Sobre doações, pensei muito nisso enquanto estava lá. Conforme ia postando nas minhas redes sociais, meus amigos ficaram emocionados e quiseram ajudar também, porém meu receio é de que as doações não cheguem a quem tem que chegar, por isso tem que ser algo estudado. Recomendo a quem tiver interesse, a começar a fazer uma vaquinha online com algum intuito antes de ir para lá, e isso você pode ir conversando com o coordenador do projeto para ver quais são as maiores necessidades locais. Eu teria feito isso se tivesse pensando antes, pois uma vez que você está lá, consegue ver pra onde o dinheiro está indo de verdade. Por exemplo: essa escola pública precisa de impressoras, de mesas novas para as salas de aula, porque muitas estão quebradas com seus quase 200 alunos por sala. Ir à escola pública para ensinar inglês não é possível, então eles precisam de gente para ajudar em reformas, pintura, e eu sinceramente acho isso muito válido. A escola particular, apesar de ser privada, também não é aquela coisa, lá é possível ensinar inglês, mas acho que diante do que vimos na escola pública, fica meio sem sentido ir voluntariar na particular. Mas essa é uma opinião pessoal.

Enfim, essa experiência acrescentou muito na minha vida, me fez pensar em muita coisa, valeu muito a pena! Recomendo demais! Tenho várias outras informações a quem se interessar. Caso queiram tirar alguma dúvida meu Instagram é: @marcelle_lcardoso, terei o maior prazer em ajudar. Você pode checar mais informações e fotos desse projeto que participei no Instagram @beyond_child_smile. Agradeço ao @boraviajaragora por mais uma oportunidade de escrever um pouco das minhas aventuras por aqui. A outra você pode ver neste link, sobre uma viagem ao Deserto do Atacama, no Chile. E quando for viajar, independente do lugar, não deixe de fazer seu seguro viagem. Como dizem os tanzanianos, Hakuna Matata!

QUER SABER MAIS SOBRE O VOLUNTARIADO? ACESSE TAMBÉM:

Site do Worldpackers

Marcelle Cardoso
Médica residente em psiquiatria, mora em Presidente Prudente-SP e ama viajar para destinos diferentes.

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