Quando fui a San Blas: Fevereiro de 2015
Quanto tempo: 2 dias
Sabe aquele cenário típico de uma ilha deserta paradisíaca, com praia de areia branca, cheia de coqueiros e cercada por um mar azul turquesa de água cristalina? Pense agora que, na verdade, não é apenas uma, mas sim 365 ilhas bem pequenas (uma para cada dia do ano, como dizem por lá), das quais apenas cerca de 40 são habitadas, controladas por índios, que vivem, administram e mantêm o local de maneira rústica, longe do desenvolvimento de outros destinos do Caribe. Este lugar existe e se chama San Blas, um arquipélago que fica no Panamá, também conhecido pelo nome oficial da comarca indígena autônoma de Kuna Yala (ou Guna Yala).
Difícil explicar o motivo por que este paraíso é tão pouco conhecido dos brasileiros, mas a verdade que esse é um dos motivos que o torna único, bem diferente das outras também belíssimas, mas bem mais desenvolvidas ilhas da região caribenha. Em San Blas, nada de resorts, hotéis, restaurantes, bares, lojas ou qualquer outra estrutura. Lá o turismo é bem roots, tudo no mesmo esquema de como vivem os índios kunas, com muita tranquilidade e nada de agito. Para aproveitar as espetaculares belezas naturais, como a Isla Perro, que está no top 10 praias do Bora Viajar Agora, é preciso dormir em cabanas de bambu, comer refeições simples feitas pelo locais, usar banheiros nada “confortáveis” e andar em pequenos barcos de madeira. Mas deixe a frescura de lado, entre no clima e pode ter certeza que a recompensa é grande. Vale muito a pena. E como vale!
A história aponta contradições para a origem dos kunas, mas a principal versão diz que eles habitavam a parte continental do Panamá, foram expulsos e migraram para estas ilhas no sudeste do país, quase divisa com a Colômbia. Atualmente, a região é administrada pelos próprios indígenas, que têm autonomia em relação ao governo panamenho. Por isso, é necessário passaporte para atravessar uma espécie de “fronteira”, por exemplo. De acordo com a lei, apenas os kunas podem ter propriedades por lá, o que explica o fato da tradição estar sendo preservada, sem a presença de empresários de fora buscando somente o lucro.
Por mais que o povo local também queira ganhar dinheiro com o turismo, a viagem à “desconhecida” San Blas sai bem mais em conta do que a maioria das ilhas caribenhas. Fui pra lá em fevereiro de 2015 (de dezembro a abril são os meses que menos chovem, e ter sol lá é fundamental), durante mochilão pela América Central (confira o roteiro completo). É certamente uma experiência bem distinta das encontradas em outros lugares da região. Ou você costuma dormir em cabanas indígenas frequentemente?
Além da beleza do lugar, a facilidade para ir ao Panamá hoje em dia deveria colocar San Blas entre as prioridades da lista de viagens de qualquer um. O aeroporto da Cidade do Panamá é um importante hub de voos internacionais, e as companhias Copa Airlines (direto) e Avianca (conexão em Bogotá) oferecem várias passagens com bons preços.
A partir da capital panamenha, a forma mais comum para ir até este paraíso é pegando a estrada, 3h30 de trajeto em uma caminhonete 4×4 e mais uns 30 ou 40 minutos de barco, geralmente fechando um pacote completo em alguma agência. Pela praticidade e condições oferecidas (leia mais sobre o tour abaixo), recomendo esta opção. Mas é perfeitamente possível também ir por conta própria, alugando um veículo, dirigindo até o porto de Carti e depois fechando com algum barqueiro direto lá. Nesse caso, o preço pode variar para mais ou para menos, dependendo do dia e movimento, e nem sempre há a tanta disponibilidade de ilhas, cabanas, horários para escolha, etc. Outra alternativa é pegar um avião teco-teco até o aeroporto de El Porvenir e depois um barco. Ainda existe a possibilidade de ir em passeios de veleiros maiores, alguns saindo da Colômbia.
O TOUR:
Fechamos com a agência Lam Tours, que atua em parceria com o Luna’s Castle Hostel, onde estávamos hospedados na Cidade do Panamá. Pagamos 200 dólares por pessoa em um pacote de dois dias inteiros e uma noite, que incluiu os transportes de caminhonete (90 dólares) e barco de ida e volta (30 dólares), refeição com café da manhã, almoço e jantar, noite em uma cabana compartilhada (60 dólares), mais taxas de entrada em cada ilha e pedágio (20 dólares), além de dois passeios, para a piscina das estrelas e a Isla Perro. Os preços variam conforme a ilha escolhida e as condições oferecidas, mas os valores não fogem muito desta média. É preciso pagar à parte as bebidas e eventual aluguel de snorkel.
Saímos do hostel por volta das 5h30 da manhã e, depois de um certo atraso, chegamos na ilha umas 10h30. Na volta, saímos da ilha umas 15h30 e às 20h estávamos no hostel na Cidade do Panamá. Não é comum esse retorno à tarde, na maioria das vezes a volta acontece logo pela manhã, mas conseguimos negociar antes para ficar mais tempo. Com dois dias quase inteiros, conseguimos aproveitar bem, mas claro que ficando duas ou três noites dá pra relaxar com mais tranquilidade. E o negócio lá é esse mesmo: tranquilidade para curtir o paraíso. Zero agito. Também existe o tour de bate-volta no mesmo dia, mas é bem corrido.
Qual ilha ficar: Existem diversas várias opções de ilhas para ficar hospedado, todas pequenas, mas algumas minúsculas, umas com rede de vôlei, umas com energia elétrica e outras sem, com ou sem chuveiro, com cabanas melhores ou mais simples, com público mais jovem ou mais família. Escolhemos ficar na Isla Diablo (ou Niadup, no idioma dos kunas), umas das mais recomendadas, que fica bem em frente à Isla Perro. Outras ilhas bastante procuradas são a Senidub/Franklin, Robinson/Narasgandup Iguana/Aridup e Chichime. Na ilha principal de Carti, onde vivem a maioria dos indígenas, é possível conhecer melhor a cultura local. Há também a Cayos Holandeses, que fica mais afastada, sai mais caro e o ideal é ficar mais tempo.
Na Isla Diablo, assim como na maioria das outras ilhas, a estrutura é bem básica. Dormimos em cabanas feitas de bambu, que são compartilhadas, mas podem ser privadas pagando um valor a mais. Também há a opção de barracas. Lá existia luz elétrica, com uma certa limitação, mas o banheiro era bastante precário, com a descarga na base do balde. Ah, o banho também era com balde, nada de chuveiro. As refeições eram preparadas pelos kunas, e comemos peixes, legumes, arroz, salada, tudo bem simples. A preços acessíveis, podíamos comprar lá cerveja à vontade, pra dar aquela animada em dias de tranquilidade absoluta.
O que fazer/passeios: O esquema lá é relaxar e aproveitar sem pressa as praias e os cenários paradisíacos. No tempo que ficamos lá, além de ficarmos na nossa ilha, também fizemos dois passeios de barco de já estavam inclusos no preço e duram cerca de quatro horas cada um, podendo ser feitos pela manhã ou à tarde. O primeiro foi para a piscina das estrelas (ou banco das estrelas), um banco de areia no meio do oceano lotado de estrelas do mar, a uma profundidade bem rasa. Neste mesmo passeio, paramos em uma outra ilha, onde eram vendidos alguns artesanatos típicos e também tinha belas paisagens.
No segundo dia, fomos para a Isla Perro, que é uma das mais procuradas do arquipélago, costuma ficar cheia e se localiza bem em frente à Diablo. O principal atrativo desta ilha é um barco naufragado que está lá há décadas, formando um recife artificial repleto de vida marinha, ótimo lugar para fazer snorkel. Lá também tem rede de vôlei e um pequeno bar que vende comidas e bebidas.
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IMPERDÍVEL:
– A Isla Perro é uma das mais belas e procuradas, vale muito a visita. Mas aproveite San Blas sem pressa para descobrir outras ilhas e viver bem esta experiência única.
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