Quando fui a Ho Chi Minh: Janeiro de 2014
Quanto tempo: 2 dias
Antes, Saigon: dominada pela França, capital da Indochina Francesa e depois capital do Vietnã do Sul, que teve o apoio dos Estados Unidos na guerra que terminou com a vitória do Vietnã do Norte, o lado comunista da disputa. Hoje, Ho Chi Minh City: uma enorme metrópole vibrante, cosmopolita e cheia de influências estrangeiras, a maior cidade deste histórico e interessantíssimo país do Sudeste Asiático. Seja qual for o nome utilizado, é um destino com garantia de muita história desde que foi fundado pelo Império Khmer, mas também de diversão e atrações com preços baixíssimos.
É certeza também de um certo caos à primeira vista, com muitas motos nas ruas, buzinas e trânsito maluco, assim como acontece em Hanói, outra cidade imperdível no Vietnã. Mas basta alguns dias por lá para se acostumar com essa “bagunça”, começar a entender melhor o país e aproveitar as coisas boas. Atrativos que variam desde a tranquilidade de templos budistas tradicionais e construções centenárias até o agito de ruas cheias de bares e modernos arranha-céus. E, claro, muito sobre a Guerra do Vietnã, ou Guerra Americana, como os vietnamitas chamam por lá e contam a sua própria versão deste terrível conflito.
E por falar na guerra, foi depois dela que o nome da cidade mudou para Ho Chi Minh City, em 1975, em homenagem ao ex-líder comunista do Vietnã, morto em 1969. Mas muitos ainda a chamam de Saigon até hoje, uma das várias influências francesas que permanece. Respeitando um passado histórico de destruição e mortes e atualmente ainda com muita pobreza, é um país da Ásia que está se desenvolvendo, cada vez mais estruturado e recebendo muitos turistas. Para visitar, nós brasileiros precisamos de visto, que pode ser facilmente emitido pela Embaixada em Brasília ou com uma pré-aprovação online e depois na chegada ao aeroporto.
Estivemos no Vietnã em janeiro de 2014, sendo dois dias em Ho Chi Minh, além de Hanói, Halong Bay e Nha Trang, durante um mochilão pelo Sudeste Asiático (clique aqui e veja o roteiro completo) que também incluiu Tailândia, Laos e Camboja. É uma região sensacional, com muita cultura, natureza e que proporciona uma viagem de baixo custo, especialmente nos dias em que gastamos em dongs vietnamitas (a desvalorizada moeda local). Ou vai dizer que dá pra reclamar de beber uma cerveja pelo equivalente a alguns centavos de dólar e dormir em um hostel por menos de 10 dólares?
TRANSPORTE:
Nós chegamos em Ho Chi Minh City em um trem noturno vindo de Nha Trang, em uma viagem de 10 horas já incluindo um certo atraso neste trajeto. Saímos às 22h e chegamos às 8h da manhã do dia seguinte. Viajamos em uma cabine para quatro pessoas, com camas para dormir, por 550 mil dongs (26 dólares) cada um. Para mais informações sobre o trem, é só acessar o site da Vietnam Railways System. Para ir embora de Saigon, pegamos um ônibus bom da Mekong Express até Siem Reap, no Camboja, por 24 dólares e 14 horas de duração, com parada na fronteira para a imigração e também em Phnom Penh. Tivemos que fazer esta viagem durante o dia, das 7h às 21h, pois a fronteira não fica aberta de madrugada.
Mas, além de trem e ônibus, que são opções mais baratas, o avião é um meio de transporte mais rápido e, por isso, normalmente um pouco mais caro. Ho Chi Minh possui o maior aeroporto do Vietnã, com voos para outras cidades do país, para os principais destinos da Ásia e também para outros continentes. As principais companhias aéreas do país são a Vietnam Airlines e a Vietjet Air, que usamos para chegar a Hanói e Nha Trang, e a Air Asia também é bastante popular na região.
Para circular dentro de Ho Chi Minh City, com exceção da chegada na estação de trem até o centro que pegamos um táxi, fizemos tudo a pé. Os principais pontos turísticos não ficam distantes. Para os mais preguiçosos, há uma espécie de triciclo com um cara dirigindo e um banco atrás para os passageiros. É sempre bom ficar esperto nas negociações de corridas de táxi e afins. Também é possível alugar bicicleta e moto (quase sempre no estilo scooter), mas vale tomar cuidado com o caos do trânsito vietnamita.
HOSPEDAGEM:
A melhor área para ficar hospedado em Ho Chi Minh City é o Distrito 1, onde se localizam as principais atrações turísticas e também o agito da vida noturna. Apesar de dormirmos apenas duas noites na cidade, nós ficamos em dois lugares diferentes, ambos neste bairro, bem perto da movimentada rua Bui Vien. Fizemos esta divisão porque queríamos conhecer um hotel-cápsula, um tipo de hotel bem típico desta região asiática, mas não tínhamos reservado nada com antecedência e no primeiro dia não havia mais vaga onde tentamos na hora.
Com isso, fomos para o Saigon Balo Hostel, onde pagamos 7 dólares por cama em um quarto compartilhado para seis pessoas, com café da manhã incluso. Além da ótima localização e boa estrutura , o hostel oferecia diversos passeios turísticos. Na segunda noite mudamos para o Kaiteki Hotel, também por 7 dólares por pessoa, mas cada um dentro de uma cápsula individual, apertada, mas estilosa, com funcionalidades dentro, como TV, som, luminária, tomada e espelho. Na verdade, é como se fosse um hostel mesmo, as cápsulas ficam dentro de um quarto compartilhado, mas todas elas podem ser fechadas com uma cortina, o que dá mais privacidade ao hóspede. Neste lugar que ficamos, não existiam dormitórios mistos, então homens e mulheres ficavam em andares separados. Valeu a experiência!
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O QUE FAZER:
No primeiro dia em Ho Chi Minh City, nós pegamos um mapa e fomos a pé conhecer as principais atrações turísticas da cidade. Começamos pelo War Remnants Museum (Museu dos Vestígios da Guerra), que conta a história da Guerra do Vietnã. Na verdade, o outro lado da história, sob o ponto de vista dos vietnamitas, que chamam de Guerra Americana o conflito que durou 20 anos, de 1955 a 1975. No fim, o Vietnã do Norte, lado comunista apoiado pela União Soviética, venceu o Vietnã do Sul, que teve o apoio dos Estados Unidos. O museu tem uma parte externa com tanques de guerra, aviões, helicópteros e outros itens bélicos. Na parte interna, além de armas e mais objetos, há toda a explicação e fotos sobre o confronto, mostrando a destruição, sofrimento e mortes. Uma das sessões mais impressionantes é a que mostra os efeitos do “agente laranja”, uma arma química lançada pelo exército dos EUA contra os soldados vietcongs que atingiu também a população inocente e até crianças, deixando até hoje pessoas com deficiências. É um lugar que deixa muita gente emocionada e triste, mas uma visita imperdível. Na época, em 2014, pagamos 15 mil dongs (0,70 dólar) no ingresso do museu, que atualmente está custando 40 mil dongs (1,80 dólar).
Nossa segunda parada no city tour por conta própria foi no Palácio da Reunificação, que era a sede do Governo do Vietnã do Sul, mas depois foi invadido por tanques do Vietnã do Norte no fim da guerra, marcando a reunificação do país. Para visitar o palácio é preciso pagar 40 mil dongs (1,80 dólar), mas nós acabamos não entrando e vimos apenas por fora. Nosso passeio continuou passando pela praça onde fica a Catedral de Notre-Dame, construída pelos franceses entre 1863 e 1880, e o belo prédio do Correio Central, projetado por Gustave Eiffel, o mesmo arquiteto da Torre Eiffel. Na sequência, escolhemos um entre os vários templos budistas e caminhamos até o Xa Loi Pagoda, o maior pagode da cidade, que tem um grande estátua do buda dourado no interior.
Saigon ainda conta com alguns outros atrativos interessantes para quem tiver mais tempo para visitar, como a Opera House, o Mercado Ben Thanh, o People’s Committee Hall (prédio da Prefeitura), o Museu de Ho Chi Minh, o calçadão da rua Nguyen Hue, o Rio Saigon, a Bitexco Financial Tower (o mais famosos dos enormes edifícios da cidade, onde fica o Skydeck, com boa vista panorâmica lá do alto), além de outros templos como o Jade Emperor Pagoda (Ngoc Hoang). E que tal alugar uma moto e encarar o trânsito maluco do Vietnã? Aliás, atravessar a rua é uma atração à parte. Também não deixe de reparar nos postes com uma infinidade de fios enrolados.
Por fim, existem alguns tours turísticos bem populares para os arredores da cidade, como os Cu Chi Tunnels (leia mais abaixo) e o Delta do Rio Mekong, que inclui passeio de barco no local onde o rio encontra o mar. E claro, espere encontrar exposta em diversos pontos de Ho Chi Minh City a imagem do simpático senhor de barba branca longa que dá nome à cidade e é considerado um herói nacional vietnamita.
CU CHI TUNNELS:
O tour mais popular saindo de Ho Chi Minh é para os Cu Chi Tunnels, um sistema de túneis subterrâneos construído na época da Guerra do Vietnã, que foi um dos principais trunfos para os vietcongs derrotarem o exército dos Estados Unidos. O local fica a cerca de 40 km de distância do centro de Saigon e todas as agências da cidade oferecem o passeio. Nós fechamos tudo no nosso hostel, pagando 10 dólares por pessoa na época, com o ingresso, guia e transporte de ônibus incluso, saindo pela manhã e voltando à tarde.
Lá, é possível entrar e caminhar dentro de parte dos 121 km de túneis que foram preservados até hoje, sendo que em alguns trechos são bastante apertados e é preciso se abaixar para seguir em frente. Mesmo quem não tem claustrofobia pode sentir dificuldades, mas há saídas durante o trajeto. Esse labirinto de túneis debaixo da terra era usado como esconderijo de líderes comunistas, para a locomoção das tropas, armazenamento de armas, munição, comida… Logo no início, é possível entrar em pequenos buracos no solo onde soldados se escondiam dos inimigos, um espaço para apenas uma pessoa em pé, fechado por uma tampa e camuflado por folhas e galhos. Também pudemos ver alguns tipos de armadilhas utilizadas nos confrontos contra os americanos. Outra atração do complexo é a possibilidade de dar tiros com armas e metralhadoras usadas na guerra, modelos como a AK-47 ou M60, atividade que também existe em Siem Reap, no Camboja.
COMER, BEBER E NOITE:
A Bui Vien Street, no Distrito 1, é o lugar certo para ir à noite e ter uma verdadeira experiência vietnamita, em termos de comida, bebida e vida noturna. É uma rua bem movimentada semelhante à Khao San Road, em Bangkok, na Tailândia, mas com a presença de mais moradores locais junto com os turistas. Além de muitos restaurantes e bares, lá estão motos, buzinas, barraquinhas de comida de rua, letreiros de neon e vendedores ambulantes com aquele tradicional chapéu em formato triangular.
Entre as especialidades da culinária do Vietnã que pode ser provada em qualquer restaurante está o Pho, uma sopa com macarrão, broto de feijão e pedaços de carne ou frango. Também se come em todo canto rolinho primavera e pratos com arroz e camarão ou peixe, por exemplo. Mas foi sentado em mini banquinhos que ficam espalhados pelas calçadas, um cenário típico do país, que começamos a curtir mesmo a boêmia da vida noturna vietnamita. Foi ali também que experimentamos uma iguaria local, uma das coisas mais estranhas que já comi na vida e acho que não pretendo repetir: balut, ou ovo de pato galado. É um ovo fecundado e cozido, com os embriões parcialmente desenvolvidos, o que faz com que a cada mordida se sinta os ossos do pato crocantes. Mesmo com sal e tempero, é difícil de engolir.
Depois deste jantar inusitado e de beber várias cervejas por apenas alguns centavos de dólar cada (e agradecer pelo fato de o Vietnã ser um dos países mais baratos do mundo), tínhamos a opção de continuar a noite ali mesmo na Bui Vien Street em bares/baladas mais agitados, com música, naquele esquema bem turístico. Mas preferimos esticar para a Lush, uma boate um pouco melhor, frequentada mais por locais e moradores estrangeiros, que não fica longe dali. Lugar legal e que nos fez viver mais uma experiência marcante neste país interessantíssimo.
IMPERDÍVEL:
– O War Remnants Museum, museu que conta a história da Guerra do Vietnã, na visão dos vietnamitas, que chamam o conflito de Guerra Americana.
– Cu Chi Tunnels, um sistema de túneis subterrâneos construído na época da Guerra do Vietnã, um dos trunfos para os vietcongs derrotarem os EUA.
– Aproveitar a noite na Bui Vien Street, nos bares e típicos banquinhos nas calçadas, comendo, bebendo e aproveitando a boêmia vietnamita.
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